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ONU exige mais ajuda para Gaza, devastada pela ofensiva de Israel

Conselho de Segurança cobra o fornecimento de ajuda humanitária ’em grande escala’ e ‘sem obstáculos’ para o território palestino

Registro de um prédio destruído por um ataque israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 15 de dezembro de 2023. Foto: Said Khatib/AFP
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O Exército de Israel manteve, nesta sexta-feira 22, sua ofensiva terrestre e aérea contra o Hamas na Faixa de Gaza, cuja situação catastrófica levou o Conselho de Segurança da ONU a exigir o fornecimento de ajuda humanitária “em grande escala” e “sem obstáculos” para o território palestino.

A resolução, cuja votação passou por vários adiamentos para evitar um veto dos Estados Unidos, foi aprovada por 13 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções (Rússia e Estados Unidos).

O texto “exige a todas as partes que autorizem e facilitem a entrega imediata, segura e sem obstáculos de assistência humanitária em grande escala” para Gaza e “criar as condições para um cessar duradouro das hostilidades”.

Para evitar um veto dos americanos, a resolução não menciona o “cessar urgente e duradouro das hostilidades” que constava do texto inicial, nem a “suspensão urgente das hostilidades” que a Rússia propôs incluir em uma emenda, bloqueada por Washington.

O movimento islamista Hamas, no poder em Gaza desde 2007, considerou que a resolução constitui “uma medida insuficiente que não responde à situação catastrófica criada pela máquina de guerra sionista”.

Por sua vez, o chanceler israelense, Eli Cohen, indicou que seu país “vai continuar inspecionando, por razões de segurança, toda a assistência humanitária para Gaza”.

Ajuda insuficiente

A guerra entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro, quando comandos do movimento islamista palestino invadiram o território israelense e mataram quase 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pelas autoridades israelenses. Os milicianos do Hamas também sequestraram quase 250 pessoas, que foram levadas como reféns para Gaza.

Israel prometeu “aniquilar” o grupo islamista e iniciou uma campanha de bombardeios incessantes contra Gaza, reforçada por operações terrestres, que somam pelo menos 20.057 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, e mais de 50.000 feridos, segundo as autoridades do Hamas na Faixa de Gaza.

Também impôs um cerco estrito ao devastado território, de 362 km² e 2,4 milhões de habitantes, deixando a ajuda humanitária entrar a conta-gotas nas últimas semanas.

“Não tenho medo de levar ajuda para Gaza. Se me deixassem entrar, iria para o norte [da Faixa]. Estamos esperando aqui há horas”, declarou para uma jornalista da AFP o motorista de um caminhão, Said Abdel Hamid, no ponto fronteiriço de Kerem Shalom.

Tanto nessa passagem fronteiriça quanto na de Rafah, que liga a Faixa ao Egito, as únicas autorizadas para o fornecimento de ajuda humanitária, chegam carregamentos de farinha, colchões, cobertores e produtos alimentícios. Uma ajuda insuficiente, segundo ONGs e a ONU.

Em média, 80 caminhões entram por dia em Gaza pela passagem de Kerem Shalom, que está aberta desde a semana passada.

‘Nenhum lugar seguro’

Na Cidade de Gaza, no norte da Faixa, os combates avançam rua por rua, às vezes de edifício em edifício. Israel anuncia com frequência a destruição de túneis e infraestruturas do Hamas e a apreensão de armas, enquanto o movimento islamista relata a destruição de tanques e de outros veículos militares israelenses.

Mais de 410 palestinos morreram nas últimas 48 horas na Faixa de Gaza, 16 deles nesta sexta em um bombardeio que atingiu uma casa em Jabaliya (norte) e cinco em um ataque contra um veículo em Rafah (sul), segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Israel anunciou nesta sexta a morte de dois soldados. Com isso, já são 139 militares israelenses mortos em Gaza desde o início do conflito.

Há semanas as agências da ONU alertam para as condições catastróficas em que vivem os habitantes de Gaza, onde 1,9 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas, segundo as Nações Unidas.

Muitos vivem em refúgios abarrotados, com dificuldades para conseguir comida, água, combustível e medicamentos.

A ONU alertou em um informe que toda a população da Faixa vai enfrentar riscos elevados de insegurança alimentar nas próximas seis semanas.

Nesta sexta, o Exército israelense pediu a evacuação do campo de refugiados de Bureij (centro) e dos bairros vizinhos.

“Eles nos pediram para sair, então fomos para o hospital Al Shifa e depois para o campo de Nuseirat, onde ficamos um mês e meio, e agora vamos para Rafah. Eles dizem que é seguro, mas não existe nenhum lugar seguro”, declarou a AFPTV Salem Yussef, um palestino que teve de deixar o campo de Bureij.

Posturas distantes

Egito e Catar continuam seus esforços para mediar uma nova trégua, depois de a pausa de uma semana do fim de novembro permitir a libertação de 105 reféns e de 240 presos palestinos em Israel, além do envio de mais ajuda humanitária.

Não obstante, os posicionamentos públicos de Israel e Hamas seguem muito distantes.

O Hamas exige a interrupção total dos combates antes de negociar uma troca de reféns, enquanto Israel descarta um cessar-fogo antes de “eliminar” o Hamas, considerado um grupo terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel.

A guerra também aumentou a tensão em outras partes do Oriente Médio. Nesta sexta, o Exército israelense anunciou que um de seus soldados morreu e outro ficou gravemente ferido por disparos de foguetes procedentes do Líbano, quando realizavam uma “atividade operacional” em Shtula, perto da fronteira entre os dois países.

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