Mundo
Congresso do Peru declara a presidenta do México ‘persona non grata’
O Congresso argumenta que a mexicana demonstrou uma postura hostil em relação ao Peru desde que assumiu o cargo
O Congresso peruano declarou nesta quinta-feira 6 a presidenta do México, Claudia Sheinbaum, como “persona non grata” por sua “inaceitável ingerência em assuntos internos” do país ao conceder asilo político à ex-chefe de gabinete Betssy Chávez.
A moção, apresentada por partidos de direita, obteve 63 votos a favor, 33 contra e duas abstenções. O Congresso argumenta que a presidente mexicana demonstrou uma postura hostil em relação ao Peru desde que assumiu o cargo.
O Peru rompeu relações diplomáticas com o México na segunda-feira, após o asilo concedido a Chávez, que é processada pelo fracassado golpe de Estado de dezembro de 2022, liderado pelo ex-presidente Pedro Castillo.
Chávez permanece asilada na residência da embaixada mexicana.
Após a ruptura das relações diplomáticas, o presidente interino José Jerí anunciou em sua conta no X “que a encarregada da embaixada do México no Peru, Karla Ornela, foi informada pelo chanceler de que tem um prazo peremptório para deixar” o país.
O governo mexicano considerou “excessiva e desproporcional” a decisão de Lima e defendeu o asilo a Chávez como um “ato legítimo (…) e conforme o direito internacional”, que não interfere “de forma alguma” nos assuntos internos do Peru.
Apesar da crise política, o comércio bilateral permanece ativo.
Em março começou o julgamento de Chávez e do ex-presidente Castillo pelo suposto crime de rebelião. O Ministério Público pede 25 anos de prisão para ela por ter participado, como ex-presidente do Conselho de Ministros, do suposto plano de Castillo.
Chávez responde ao processo em liberdade, enquanto Castillo cumpre prisão preventiva desde dezembro de 2022.
Em 7 de dezembro de 2022, Castillo anunciou sua decisão de dissolver o Congresso e convocar uma Assembleia Constituinte. Naquele mesmo dia, seria submetido a uma moção de vacância (destituição) sob acusações de suposta corrupção.
Sem apoio militar, ele acabou destituído com votos de bancadas de esquerda e direita e foi detido pela polícia quando se dirigia com sua família à embaixada do México em Lima. Sua esposa e seus dois filhos vivem desde então asilados nesse país.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.



