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Congresso americano ganha duas deputadas simpáticas ao QAnon

Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Lauren Boebert, do Colorado, representarão o partido Republicano

Lauren Boebert e Marjorie Taylor-Greene: o QAnon chegou ao Capitólio
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Deixe ou não a Casa Branca, o presidente Donald Trump tem garantida a defesa ardorosa de duas congressistas recém-eleitas. Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Lauren Boebert, pelo Colorado, são seguidoras do QAnon, a amalucada e popular teoria que vê em Trump o nêmesis de uma sociedade secreta satanista e pedófila.

Greene, de 44 anos, é dona de uma empresa de construção e reforma cuja campanha foi marcada por ataques racistas, islamofóbicos e antissemitas.

Boebert, de 33 anos, é dona do Shooters, um restaurante em que as garçonetes circulam pelo salão ostentando revólveres. A casa fica, ironicamente, em uma pequena cidade chamada Rifle.

A adesão da primeira à tese é mais explícita. Greene chegou a gravar vídeos em que detalha as evidências que tomava como provas do QAnon.

Boebert fez aparições em canais do QAnon famosos no YouTube, se disse que “muito familiarizada” e que esperava que a tese fosse real. Às vésperas da eleição, contudo, ambas recuaram no apoio à tese.

Ao menos vinte e sete postulantes ao Congresso expressam graus variados de simpatia ao QAnon, a maioria no Partido Republicano. Temia-se que esse grupo vencesse em bando as eleições. A avalanche das urnas não veio. Mas o desfecho mostra o domínio do trumpismo sobre a sigla.

‘Discípulos’ do QAnon protestam em Hollywood. Foto: KyleGrillot/AFP

Um terceiro candidato simpático ao QAnon ainda tem chances de levar uma cadeira. O ex-jogador da NFL Burgess Owens, de Utah, participou de podcasts pró-Q e sugeriu que a teoria tinha um fundo de verdade, mas rebateu as acusações da oposição de que seja um crente da tese.

De olho nos dividendos eleitorais, Trump se recusou várias vezes a tomar distância deles. Saudou os seguidores do QAnon como “pessoas que amam o nosso país.

O que é o QAnon?

Os adeptos da teoria creem que celebridades e figurões do Partido Democrata comandam uma rede subterrânea de satanismo, pedofilia e tráfico de menores. Outra crença central para a QAnon é que Trump luta secretamente contra esses malfeitores.  O pai fundador do QAnon é Q, usuário de fóruns anônimos da internet que se apresenta como funcionário da alta cúpula do governo.

Embora pareça fruto dos nossos tempos, o QAnon é um remake de teorias antissemitas. A ideia de uma confraria secreta que domina o mundo bebe diretamente dos Protocolos dos Sábios de Sião, documento falso que ao longo do século XX serviu de justificativa para o ódio aos judeus.

Outro cânone do QAnon, a existência de uma substância química extraída do sangue de crianças que prolonga a beleza e a juventude, remete aos libelos de sangue, que desde a Grécia antiga associam os judeus a rituais de sacrifício infantil e canibalismo.

O FBI enquadrou o QAnon como ameaça de terrorismo doméstico. A polícia aponta envolvimento dos crentes da tese em vários incidentes violentos, incluindo dois assassinatos, um sequestro e a vandalização de uma igreja.

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