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Conferência de Paris e Estado Islâmico: mais 12 cabeças podem rolar

Reunião ocorre sob a sombra de mais uma decapitação e da possibilidade de mais ocidentais serem executados

Fouad Massoum, o presidente do Iraque, Saud al-Faisal, ministro do Exterior da Arábia Saudita, e Ibrahim al-Jaafari, ministro do Exterior do Iraque, durante a conferência em Paris
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Em Paris, no Quai d´Orsay ocorre a Conferência Internacional para a Paz e Segurança do Iraque que transcorre em clima de velório. Não só porque em menos de 48 horas da sua abertura havia ocorrido uma terceira decapitação espetacular no deserto da Síria e pelo grupo terrorista denominado Estado Islâmico: no Reino Unido é chamado de Isis (Islamic State in Iraq and Syria) e pelos árabes tratado por Daesh. Mas, e fundamentalmente, em razão de o Estado Islâmico, autoproclamado Califado em terras do Iraque e da Síria, contar, em cativeiro, com uma dúzia de civis ocidentais.

O carrasco que em menos de um mês já fez rolar três cabeças – duas de jornalistas norte-americanos, James Foley e Steven Sotloff – e uma do coordenador humanitário escocês David Haines, anunciou, para breve, uma quarta decapitação.

Não bastasse, o “carrasco do califado” enviou um recado ao premier britânico, David Cameron: “ a aliança com os EUA irá acelerar a sua destruição física e danos à Grã-Bretanha por se envolver em outra guerra e esta não poderá vencer”. Enquanto isso, os peritos ingleses ainda não têm certeza se a voz do carrasco apelidado “John o decaptador” é a do rapper Adbel Majed Abdel Bary.

No curso da Conferência de Paris, o anfitrião e presidente francês François Hollande afirmou que o Estado Islâmico representa “uma ameaça global a exigir uma resposta global”. O presidente do Iraque, Fouad Massoum, dividiu com o seu equivalente francês a presidência dos trabalhos. Além da Liga Árabe, União Europeia e Nações Unidas, compareceram representantes de 25 países convidados, incluída a Rússia. O Irã não recebeu convite.

Como o objeto era a paz e a segurança no Iraque, não quis se tratar, nem incidentalmente, da Síria, cujo ditador, Bashar al-Assad, é aliado da Rússia. Em síntese, como se o Estado Islâmico não estivesse a participar da na guerra civil da Síria e não tivesse proclamado, como seu domínio em califado, o território do Levante, ou seja, a Síria. O califado abrange área de Mosul (Iraque) a Aleppo (Síria).

O chanceler russo, Sergey Lavrov, ressaltou, na conferência parisiense, estar o seu país pronto a participar de medidas suplementares contra o terrorismo. Acrescentou ser necessário uma discussão maior sobre fenômeno representado pelo terrorismo no Conselho de Segurança da ONU. Tal manifestação confirma o veto russo ao projeto do presidente norte-americano sobre ataques aéreos, com invasão do espaço sírio e sem autorização de Bashar al-Assad. Por outro lado, deixa a porta aberta para continuar o governo Putin a reprimir os separatistas chechenos.

Na Conferência de Paris concluiu-se em dar sustentação ao presidente Fouad Massoun, que é curdo e está no cargo desde 24 de julho de 2014. Também em reforçar a vigilância na fronteira e criar um núcleo coordenador de segurança.

Para o presidente Massoun, não será preciso que Egito, Emirados Árabes e Arábia Saudita envolvam-se em ataques aéreos voltados a atingir o Estado Islâmico. Basta, no momento e segundo Massoun, que ajudem a implantar o concluído na Conferência de Paris. Tal pronunciamento decorreu do fato de o secretário norte-americano John Kerry ter sustentado contar com a adesão de dez estados árabes à operação aérea de destruição do Estado Islâmico. E isso logo depois de o presidente Obama haver anunciado ataques aéreos contra o Estado Islâmico (sem envio de soldados para combater em terra).

Pano rápido. O Estado Islâmico está a promover genocídios entre os islâmicos e, com as covardes decapitações de ocidentais, pretende difundir o medo pelo planeta, a copiar a linha alqaedista do eliminado Osama Bin Laden.

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