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Companheira de Assange pede que Joe Biden arquive processo contra fundador do Wikileaks

O ativista pode ser condenado a até 175 anos de prisão

Companheira de Assange pede que Joe Biden arquive processo contra fundador do Wikileaks
Companheira de Assange pede que Joe Biden arquive processo contra fundador do Wikileaks
Julian Assange, em 2016, exibe um relatório da ONU sobre prisões arbitrárias. Foto: Niklas HALLE'N / AFP
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Há uma semana, o Supremo Tribunal do Reino Unido decidiu que o fundador do WikiLeaks poderia ser extraditado para os Estados Unidos. Esta é uma grande vitória para Washington em sua batalha para obter a extradição de Julian Assange. O ativista pode ser condenado a até 175 anos de prisão. Em entrevista exclusiva à RFI, a advogada e companheira de Assange, Stella Morris, pede que o presidente Joe Biden coloque fim ao processo.

 

Morris, que é mãe dos dois filhos de Assange, diz que a proposta do governo norte-americano de uma sentença de 4 a 6 anos de prisão não é o bastante. Para ela, o caso de Assange representa uma ameaça à imprensa livre no mundo.

“A coisa toda é uma farsa. A última decisão de que Julian pode ser extraditado é totalmente incompreensível. Julian não apenas pode ser condenado a uma pena de 175 anos de prisão, mas a condição na qual Julian provavelmente será preso, em solitária, irá matá-lo, levá-lo ao suicídio. O caso em si é um ataque frontal à liberdade de imprensa, não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro. O governo defende uma ação de espionagem contra um editor por conta de uma atividade jornalística”, considera Stella, durante uma conversa com a RFI em um café de Londres.

Companheira de Assange há cinco anos, Morris afirma que o ativista tem sentido duramente sua prisão.

“Imagine estar em uma prisão de segurança máxima, acusado de cometer um ato de jornalismo e condenado à morte. Estar separado de sua família, sem saber até quando”, afirma.

Prisão política

É por razões humanitárias que Morris quer que o presidente Joe Biden ponha fim ao pedido de extradição e arquive o caso contra o fundador do Wikileaks. “A saúde de Julian está em sério declínio. É por isso que estamos pedindo a Biden que pare a extradição, encerre o caso imediatamente e deixe Julian ir para casa.”

O grupo de advogados que defendem Assange vai recorrer da decisão da corte superior britânica. O prazo para uma decisão final é 23 de dezembro.

“A novidade é que sabemos agora que os EUA fizeram planos para matar Julian na embaixada. Isto tem sido discutido nos mais altos níveis do governo dos EUA. Então é esse o contexto desta extradição. E é completamente impensável que o Reino Unido concordasse em extraditar alguém quando se sabe que o país solicitante planejava matá-lo. Este é um assunto político e é por isso que o resultado é tão absurdo. Tem que ser resolvido a nível político. Quando se trata de um caso político, o sistema judicial tem que ser robusto, caso contrário, é incapaz de fazer justiça.”

Morris pede a intervenção do primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e do presidente Biden.

Às vésperas de mais um Natal em que Assange passará longe dos dois filhos que tem com Morris, sua companheira não tem em seu horizonte o fim da batalha judicial.

Para defender o ativista, que divulgou documentos sobre as ações irregulares dos Estados Unidos durante as guerras do Afeganistão e do Iraque, Morris cogita entrar com uma ação na Corte Europeia.

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