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Comissão decreta fracasso de guerra contra as drogas e aposta em prevenção

Líderes destacam que caso as leis não sejam revistas a violência na América Latina, no México e na América Central “vai se tornar incontrolável e vamos perder”

Comissão decreta fracasso de guerra contra as drogas e aposta em prevenção
Comissão decreta fracasso de guerra contra as drogas e aposta em prevenção
Fernando Henrique participa da reunião em Varsóvia. Foto: ©AFP / Janek Skarzynski
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VARSÓVIA (AFP) – A Comissão Global de Política sobre Drogas (CGPD), presidida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pediu nesta quarta-feira 24, em Varsóvia, políticas orientadas para a prevenção e o controle, justificando que a guerra contra as drogas foi um fracasso.

“A guerra mundial contra as drogas está propagando a pandemia de Aids entre as pessoas que usam drogas” e que relutam em procurar tratamento por medo de serem presas, declarou a comissão em um comunicado divulgado durante a reunião sobre o impacto das drogas na saúde pública no Leste Europeu.

“As medidas repressivas e de criminalização tomadas contra os produtores, os traficantes e consumidores de drogas ilegais, além de caras, claramente fracassaram em reduzir a oferta e o consumo”, acrescentou.

Segundo a CGPD, a produção global de substâncias derivadas do ópio, tais como a heroína, aumentou mais de 380% em 30 anos, passando de “mil toneladas em 1980 para mais de 4.800 toneladas em 2010”, apesar do forte aumento dos meios utilizados para combater o tráfico de drogas.

Fernando Henrique Cardoso pediu aos governos que “experimentem diferentes formas de regulação de drogas como a maconha, como já foi feito com o tabaco e o álcool”.

Ao ressaltar que regular não significa legalizar, ele defendeu “todos os tipos de restrições e limitações à produção, ao comércio, à publicidade e ao consumo de uma substância, para retirar todo o seu prestígio, desencorajar a sua utilização e para controlá-la”.

“Os viciados podem fazem mal a si mesmo e às suas famílias, mas não é prendendo que vamos ajudá-los”, acrescentou.

O ex-presidente colombiano César Gaviria acredita que a solução seria “pegar o orçamento (anti-drogas) que os países gastam nas prisões e na polícia, para injetar na prevenção”.

“Na Colômbia, em Medellín e Bogotá, por exemplo, agimos em campanhas de prevenção (…) com as famílias, com os professores, que são igualmente favoráveis à prevenção”, afirmou à imprensa, ressaltando os progressos registrados nas cidades dominadas pelos cartéis.

Entre os membros desta comissão, figuram além do ex-presidente do Brasil e do México, personalidades como o escritor peruano Mario Vargas Llosa e o diretor do grupo Virgin, Richard Branson.

Gaviria destacou ainda a necessidade de pressionar o Congresso dos Estados Unidos para dizer: “Precisamos de vocês neste debate e de uma mudança em suas leis, se não a violência na América Latina, no México e na América Central vai se tornar incontrolável e vamos perder”.

Segundo Gaviria, mudanças políticas podem chegar mais cedo do que o esperado: “Quase todos os presidentes acreditam que a política (atual) deve mudar. Ninguém mais apoia a proibição, nem mesmo os Estados Unidos”.

“Nenhuma autoridade americana fala em apoiar a proibição como uma política. Não escutei nada parecido”, assegurou.

Mais informações em AFP Movel.

VARSÓVIA (AFP) – A Comissão Global de Política sobre Drogas (CGPD), presidida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pediu nesta quarta-feira 24, em Varsóvia, políticas orientadas para a prevenção e o controle, justificando que a guerra contra as drogas foi um fracasso.

“A guerra mundial contra as drogas está propagando a pandemia de Aids entre as pessoas que usam drogas” e que relutam em procurar tratamento por medo de serem presas, declarou a comissão em um comunicado divulgado durante a reunião sobre o impacto das drogas na saúde pública no Leste Europeu.

“As medidas repressivas e de criminalização tomadas contra os produtores, os traficantes e consumidores de drogas ilegais, além de caras, claramente fracassaram em reduzir a oferta e o consumo”, acrescentou.

Segundo a CGPD, a produção global de substâncias derivadas do ópio, tais como a heroína, aumentou mais de 380% em 30 anos, passando de “mil toneladas em 1980 para mais de 4.800 toneladas em 2010”, apesar do forte aumento dos meios utilizados para combater o tráfico de drogas.

Fernando Henrique Cardoso pediu aos governos que “experimentem diferentes formas de regulação de drogas como a maconha, como já foi feito com o tabaco e o álcool”.

Ao ressaltar que regular não significa legalizar, ele defendeu “todos os tipos de restrições e limitações à produção, ao comércio, à publicidade e ao consumo de uma substância, para retirar todo o seu prestígio, desencorajar a sua utilização e para controlá-la”.

“Os viciados podem fazem mal a si mesmo e às suas famílias, mas não é prendendo que vamos ajudá-los”, acrescentou.

O ex-presidente colombiano César Gaviria acredita que a solução seria “pegar o orçamento (anti-drogas) que os países gastam nas prisões e na polícia, para injetar na prevenção”.

“Na Colômbia, em Medellín e Bogotá, por exemplo, agimos em campanhas de prevenção (…) com as famílias, com os professores, que são igualmente favoráveis à prevenção”, afirmou à imprensa, ressaltando os progressos registrados nas cidades dominadas pelos cartéis.

Entre os membros desta comissão, figuram além do ex-presidente do Brasil e do México, personalidades como o escritor peruano Mario Vargas Llosa e o diretor do grupo Virgin, Richard Branson.

Gaviria destacou ainda a necessidade de pressionar o Congresso dos Estados Unidos para dizer: “Precisamos de vocês neste debate e de uma mudança em suas leis, se não a violência na América Latina, no México e na América Central vai se tornar incontrolável e vamos perder”.

Segundo Gaviria, mudanças políticas podem chegar mais cedo do que o esperado: “Quase todos os presidentes acreditam que a política (atual) deve mudar. Ninguém mais apoia a proibição, nem mesmo os Estados Unidos”.

“Nenhuma autoridade americana fala em apoiar a proibição como uma política. Não escutei nada parecido”, assegurou.

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