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Começa o Ano do Dragão do horóscopo chinês

Única criatura mítica no zodíaco chinês, o dragão está presente em lendas e crenças de civilizações antigas de várias partes do mundo, mas sua origem ainda é alvo de controvérsia entre pesquisadores

Desfile do Ano Novo Chinês, em Hong Kong, em 10 de fevereiro de 2024. Foto: Peter Parks/AFP
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O Ano Novo Chinês, conhecido como o Festival da Primavera ou Ano Novo Lunar, começa neste sábado 10. Esta celebração, que simboliza o advento da primavera, é bastante festejada na China e em diversos países do leste asiático.

Durante essa época, as famílias costumam se reunir para saborear refeições especiais, e as crianças geralmente ganham dinheiro em envelopes vermelhos chamados “hong bao“. O início do Ano Novo Chinês marca também o começo de um novo ciclo do horóscopo chinês, que abrange um período de 12 anos, cada um representado por um animal.

Existem várias histórias que explicam a origem do horóscopo chinês. Uma delas conta a lenda do Imperador de Jade, uma divindade importante na cultura chinesa, que convidou todos os animais para uma grande corrida. Os doze primeiros a cruzarem a linha de chegada receberam um lugar no zodíaco. Na ordem de chegada, os doze vencedores foram: rato, boi, tigre, coelho, dragão, cobra, cavalo, cabra, macaco, galo, cachorro e porco.

Personalidades famosas do signo do dragão

Em 2024, o ciclo que se inicia é o Ano do Dragão. Aqueles que nasceram nos anos 1928, 1940, 1952, 1964, 1976, 1988, 2000, 2012 ou 2024 são considerados do signo do dragão.

Algumas personalidades notáveis desse signo incluem Shigeru Miyamoto, criador japonês dos jogos Super Mario Brothers e Donkey Kong; os cantores britânicos John Lennon e Adele; o ícone da arte pop americana Andy Warhol; o ator italiano Roberto Benigni; a ambientalista queniana Wangari Maathai; e o diretor de cinema mexicano Guillermo del Toro.

Curiosamente, Bruce Lee, o falecido ator de artes marciais, também era desse signo. Apelidado de “Pequeno Dragão” por fãs em Hong Kong no início de sua carreira, ele protagonizou o famoso filme Operação dragão em 1973.

Cada ano do zodíaco chinês também é associado a um dos cinco elementos: madeira, fogo, terra, metal ou água. 2024 é o ano do dragão de madeira.

A criatura que ninguém nunca viu

Considerado um dos animais mais sortudos e poderosos do horóscopo chinês, o dragão representa sorte, força, saúde e o elemento masculino, Yang – parte do conceito Yin e Yang da filosofia chinesa. Indivíduos do signo do dragão são descritos como carismáticos, inteligentes, confiantes, poderosos e naturalmente sortudos e talentosos.

O dragão também tem a distinção exclusiva de ser a única criatura mítica no zodíaco chinês. Apesar de ser uma criatura nunca vista antes, o dragão está presente nas lendas e crenças de civilizações antigas em toda a Ásia, bem como na Europa, na África e nas Américas.

Nas culturas do leste asiático, o dragão possui uma aura mística. Conforme descrito no site do Museu Americano de História Natural, acreditava-se que ele “exalava nuvens, influenciava as estações do ano e controlava rios, lagos e mares”. Apesar de frequentemente retratados como seres sem asas, os dragões podem voar. Na mitologia chinesa, um “dragão celestial” chamado Tianlong guarda as moradas celestiais dos deuses.

Já os dragões europeus da Idade Média são frequentemente descritos como monstros malévolos, cuspidores de fogo, com asas de morcego, que guardavam tesouros ou aterrorizavam vilarejos, exigindo a intervenção de heróis para derrotá-los. Uma narrativa comum na arte europeia é a história de São Jorge, que resgatou a filha de um rei líbio de um dragão, derrotando-o em troca da promessa de que os súditos do rei seriam batizados.

Na cultura mesoamericana, que engloba o sul do México, Guatemala, El Salvador, Belize e partes ocidentais da Nicarágua, Honduras e Costa Rica, a divindade mais proeminente associada a dragões era Quetzalcóatl, também conhecido como a “serpente emplumada”. Considerado um deus criador tanto pelos astecas quanto pelos maias, a enciclopédia Britannica afirma que Quetzalcóatl era reverenciado como patrono dos sacerdotes, inventor do calendário e dos livros, e protetor dos ourives e outros artesãos.

A antiga epopeia de criação mesopotâmica conta sobre Marduk, deus babilônico, que matou sua mãe dragão, Tiamat – um mamífero não humano de quatro patas com asas, escamas no corpo, chifres e presas – porque ela privou a humanidade de água ao reter a chuva.

De onde vem a imagem do dragão?

As semelhanças nas descrições do dragão em sociedades remotas surpreendem. A professora da Universidade Stanford Adrienne Mayor traça conexões entre mitos e os fósseis de criaturas pré-históricas extintas em vários de seus livros.

A tese de Mayor indica que nossos antepassados podem ter interpretado incorretamente os fósseis que desenterraram, dando origem assim a criaturas míticas como dragões, ciclopes e grifos. Seu trabalho inspirou diversas exposições em museus nos Estados Unidos e documentários de televisão.

Já o falecido antropólogo da Universidade da Flórida Central David E. Jones defendia a tese de que as características comuns dos dragões em diversas culturas indicariam uma fusão de predadores comuns que os humanos antigos geralmente temiam, como raptores, grandes felinos, pítons ou crocodilos.

Ícones da cultura Pop

Hoje, dragões famosos na cultura pop incluem o Jaguadarte, que aparece no clássico livro infantil de Lewis Carroll Alice Através do Espelho, e Smaug, de O Hobbit, escrito por J.R.R. Tolkien. Além disso, no livro Harry Potter e o Cálice de Fogo, de J.K. Rowling, um dos desafios no Torneio Tribruxo consistia em enfrentar diferentes espécies de dragões.

Talvez o mais icônico de todos seja o jogo de RPG Dungeons & Dragons, que foi lançado pela primeira vez em 1974 e ao longo do tempo evoluiu para versões digitais e adaptações cinematográficas, incluindo o filme mais recente Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes, de 2023.

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