Combates sangrentos na capital da Líbia aumentam temores de nova guerra

As tensões entre grupos armados leais ao líderes rivais aumentaram nos últimos meses em Trípoli

Foto: Mahmud TURKIA / AFP

Apoie Siga-nos no

Pelo menos um civil foi morto e vários ficaram feridos na manhã deste sábado (27) em confrontos entre grupos armados na capital Líbia, aumentando os temores de uma nova guerra no país em crise política entre dois governos opositores.

Disparos e explosões foram ouvidos por toda  a noite em vários bairros de Trípoli.

Dois governos disputam o poder desde março: um baseado em Trípoli (oeste) liderado por Abdelhamid Dbeibah desde 2021, e outro liderado por Fathi Bashagha, sediado em Sirte.

O governo sediado em Trípoli culpou os confrontos do lado do Executivo rival, justamente quando “deveriam ser feitas negociações para evitar que sangue fosse derramado na capital”, segundo nota.

O porta-voz do serviço de emergência de Trípoli, Ousama Ali, disse à rede local Líbia al Ahrar neste sábado que os combates continuavam e que as equipes têm “dificuldades de movimentação”. O responsável indicou que há civis feridos, mas não forneceu números.

A imprensa local também informou que há civis mortos, mas também não divulgou nenhum balanço oficial. A agência de imprensa líbia, Lana, no entanto, anunciou a morte do ator Mustapha Baraka, que gerou comoção nas redes sociais.


Veículos incendiados

Os confrontos causaram danos significativos, veículos incendiados e prédios marcados por balas. Uma mesquita e uma clínica pegaram fogo.

Dois grupos armados influentes estiveram envolvidos nesses confrontos, informou a mídia local. No oeste do país, algumas milícias apoiam o governo de Dbeibah e outras apoiam o de Bashagha.

Bashagha considera que o Executivo da capital é “ilegítimo” e desde que foi nomeado líder pelo Parlamento em fevereiro, tentou, sem sucesso, entrar em Trípoli. Recentemente, ele ameaçou recorrer à força.

Ele é apoiado pelo poderoso marechal Khalifa Haftar, líder militar do leste da Líbia, cujas forças tentaram conquistar Trípoli em 2019. Dbeibah diz que só entregará o poder a um governo eleito.

As tensões entre grupos armados leais ao líderes rivais aumentaram nos últimos meses em Trípoli. Em 22 de julho, os combates causaram 16 mortes, incluindo civis, além de cinquenta feridos.

Tanto a embaixada dos EUA na Líbia quanto a missão da ONU no país do norte da África expressaram “preocupação” com os confrontos recorrentes em bairros de população civil da capital.

A Líbia está em crise e repetidos episódios de conflito armado por mais de uma década após a queda do ditador Muammar Gaddafi em uma revolta apoiada pela Otan em 2011.

Desde então, o país teve uma dezena de governos e não conseguiu realizar eleições presidenciais.

Ao menos 12 mortos e 87 feridos nos combates na capital

Confrontos entre grupos armados em Trípoli, capital da Líbia, deixaram 12 mortos e 87 feridos desde sexta-feira, informou neste sábado o ministério da Saúde.

“São números preliminares das vítimas em Trípoli”, afirmou o ministério em um comunicado, em referência aos confrontos que explodiram na sexta-feira à noite na capital entre grupos que apoiam governos rivais, em um país que vive um cenário de caos político.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.