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Daniel Ortega nega repressão violenta e rejeita eleições antecipadas

O presidente da Nicaraguá, acusado de crimes graves pela ONU, concedeu entrevista exclusiva à TV France 24

Ortega acusa os EUA de alimentar um golpe de Estado
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Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, concedeu uma entrevista exclusiva à TV France 24, do grupo France Médias Monde, do qual faz parte a RFI. A Nicarágua está mergulhada em uma grave crise há cinco meses. Ortega nega ter comandado uma sangrenta repressão contra as manifestações que enfrenta desde 18 de abril e não aceita os pedidos de eleições antecipadas.

Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, mais de 320 manifestantes foram assassinados nos últimos meses em protestos contra o governo sandinista. Manágua só admite 198 mortes.

Interrogado sobre o recente relatório do Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU sobre as violações cometidas entre 18 de abril e 18 de agosto, o presidente Ortega disse se tratar de uma “infâmia”.

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O documento da ONU cita “execuções extrajudiciais”, “desaparecimentos forçados” e ainda “tortura e maus tratos”. O presidente nicaraguense denuncia uma “tendenciosidade política” e afirma que o organismo da ONU está sob ordens de Washington. Ele nega com veemência que a polícia ou paramilitares pró-governo tenham cometido crimes, acrescentando que nenhum policial responde a um inquérito.

Ameaça dos EUA

O presidente da Nicarágua acusa ainda os Estados Unidos de alimentar um “golpe de Estado” contra o seu país. Ele afirma que a CIA treinou e financiou “grupos militares” para tentar depô-lo e não exclui a possiblidade de uma intervenção por parte dos norte-americanos. “Vindo dos Estados Unidos, tudo é possível”, afirmou.

Milhares de nicaraguenses foram novamente às ruas no domingo 9, em Manágua, para exigir a libertação de “presos políticos” e a saída de Ortega, no poder desde 2007. O presidente assegura que a situação está normalizada e diz que está em discussão com a ONU e países europeus, como a Alemanha e a Espanha, para relançar um diálogo, atualmente inexistente.

O ex-guerrilheiro aproveita para acusar a Igreja católica nicaraguense, mediadora da crise, de estar do lado da oposição, acusando-a também de receber ordens de Washington.

Assembleia Geral da ONU

Ortega, que anteriormente foi presidente da Nicarágua entre 1979 e 1990, não aceita os apelos para a realização de eleições antecipadas antes do fim de seu mandato em 2021, principal reivindicação dos opositores, e não exclui brigar por um novo mandato. “O pleito antecipado seria um desastre para a Nicarágua”, diz, ao mesmo tempo em que pede “a defesa do respeito às instituições”.

Ele anunciou ainda, pela primeira vez em vários anos, que pretende ir à Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, no dia 25 de setembro, e se diz pronto a se encontrar com o presidente norte-americano, Donald Trump. “Acho que o princípio do intercâmbio e diálogo entre uma potência como os Estados Unidos e a Nicarágua, e, de uma forma mais ampla, toda a América Latina, é necessária e imprescindível”, afirmou. Para ele, a Assembleia Geral da ONU pode ser a ocasião ideal para isso.

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