Com Trump, grupos de extrema-direita se multiplicam

Chamada de Alt-right, a direita “alternativa”, a tendência é formada por grupos abertamente racistas e muitas vezes separatistas

Manifestação da alt-right na cidade de Boston

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Anne Corpet, correspondente em Washington

Os sites da Alt-right ganham em frequentação e os integrantes organizam cada vez mais manifestações públicas.

“A Alt-right se considera antes de tudo um movimento ideológico; a prioridade dela é mudar a maneira como as pessoas pensam a política”, analisa Thomas Main, professor do Baruch College, de Nova York, que vai lançar um livro a respeito no ano que vem.

Os membros da Alt-right rejeitam de maneira categórica a ideia de que todos os homens são iguais. Mas a ideologia da corrente não é apenas racista, pois vai mais além. Seus simpatizantes consideram que a lei não deve ser aplicada aos que não são brancos. E não acreditam que uma sociedade multirracial, multiétnica possa ser boa. Eles querem criar uma sociedade uniformemente branca e racialmente homogênea.

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A Alt-right estipula igualmente uma crítica radical da sociedade americana atual, isto é, da cultura americana, da população americana, do governo americano, das instituições políticas americanas e dos princípios políticos americanos. Além disso, muitos são separatistas.

A maioria apoiou Donald Trump durante a campanha presidencial e continua a respaldá-lo. Eles acham que o magnata constitui um progresso extraordinário e que sua política vai na boa direção. Eles sustentam principalmente sua política de imigração.

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As ideias radicais da Alt-right começam a entrar no discurso político americano. O movimento elaborou de maneira bastante consciente um discurso mais respeitável e assim vem ganhando influência na esfera política.

Novas tecnologias a favor dos extremistas

A estratégia da Alt-right tem seus eixos na internet e nas redes sociais. Eles aproveitaram bastante das novas tecnologias para propagar suas ideias, que antes simplesmente não circulavam. E isso vem funcionando muito bem. O momento decisivo para a Alt-right aconteceu no início dos anos 2000.

Primeiro porque o desenvolvimento das redes sociais permitiu que suas ideias fossem espalhadas. Segundo, porque durante a primeira década do século 21, a classe política americana passava nesse momento por grandes mudanças.

Com os ataques de 11 de setembro, a grande recessão, as guerras no Oriente Médio, a classe política tradicional foi chacoalhada e as pessoas ficaram mais receptivas a novas ideias – potencialmente radicais. Com a internet, a extrema-direita recebeu uma exposição inédita e isso foi um momento decisivo.

A Alt-right pode acabar sendo um movimento efêmero, mas há o risco que suas ideias possam ser adotadas por grupos mais tradicionais e que pessoas como Donald Trump ou Steve Bannon, consigam produzir uma versão mais digerível dessa ideologia. Uma perspectiva inquietante.

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