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Com saída de ditador, oposição quer reforma nas Forças Armadas

Ali Abdullah Saleh entregou o poder de forma negociada após levante popular, mas manifestantes exigem a unificação do Exército e saída de parentes do ex-presidente do comando militar

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Após derrubar o presidente do Iêmen Ali Abdullah Saleh, que entregou no sábado 24 o cargo ao seu vice Abdrabbuh Mansur Hadi, os manifestantes antigoverno possuem um novo alvo: as Forças Armadas do país.

Os manifestantes, que construíram um local permanente de protesto pacífico em frente a uma universidade na capital Sana, pretendem permanecer no local até que haja uma completa revisão do dividido exército do país.

Um filho e um sobrinho de Saleh controlam divisões militares e de segurança, enquanto o comandante militar rebelde Ali Mohsin al-Ahmar, apoiador do movimento de protesto, lidera outra unidade.

Segundo analistas ouvidos pelo diário americano The New York Times, esses líderes militares exercem mais poder que o novo presidente, pois cada divisão age como uma milícia local independente e leal ao seu comandante. Sem um exército unido, os oposicionistas temem que a tentativa de democratizar o país não tenha resultado prático.

Transição

Saleh estava a 33 anos no poder e foi o quarto ditador a ser derrubado pela Primavera Árabe, mas o primeiro a sair de forma negociada, ao contrário do ocorrido no Egito, Líbia e Tunísia.

Em novembro do último ano, Saleh aceitou entregar a presidência em um acordo negociado com os países do Golfo, mas exigiu imunidade pelos crimes cometidos durante a repressão do levante popular contra o seu regime em 2011.

O parlamento iemenita aprovou em janeiro uma lei que impede que Saleh seja julgado por crimes políticos, assim como os responsáveis que trabalharam para o ditador nas instituições civis e militares durante seu governo.

O ex-presidente deve seguir nos próximos dias para o exílio na Etiópia ou Omã, segundo a rede americana de notícias CNN.

Hadi assume o cargo por um período de dois anos e vai comandar a elaboração de uma nova Constituição, para que em 2014 ocorram eleições parlamentares e presidenciais.

Nas eleições de terça-feira 21, ele foi o único candidato à presidência e recebeu 99,8% dos 6,6 milhões de votos.

Na cerimônia de entrega do poder, o novo presidente prometeu continuar a luta contra a Al-Qaeda no país mais pobre do mundo árabe, além de enfrentar a crescente violência, pobreza, má nutrição da população e um movimento separatista no sul.

Hadi comprometeu-se também a trabalhar para realocar os refugiados internos criados pelas lutas entre tropas do governo de Saleh e os opositores que pediam a sua saída, além dos conflitos com outras fações no país.

Após a transmissão do poder, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o país “vai continuar com o povo do Iêmen conforme eles continuem seus esforços para criar um futuro mais claro para sua nação. O Iêmen tem o potencial de servir como modelo de transição pacífica, que pode ocorrer quando pessoas resistem à violência e se unem em uma causa comum.”

Após derrubar o presidente do Iêmen Ali Abdullah Saleh, que entregou no sábado 24 o cargo ao seu vice Abdrabbuh Mansur Hadi, os manifestantes antigoverno possuem um novo alvo: as Forças Armadas do país.

Os manifestantes, que construíram um local permanente de protesto pacífico em frente a uma universidade na capital Sana, pretendem permanecer no local até que haja uma completa revisão do dividido exército do país.

Um filho e um sobrinho de Saleh controlam divisões militares e de segurança, enquanto o comandante militar rebelde Ali Mohsin al-Ahmar, apoiador do movimento de protesto, lidera outra unidade.

Segundo analistas ouvidos pelo diário americano The New York Times, esses líderes militares exercem mais poder que o novo presidente, pois cada divisão age como uma milícia local independente e leal ao seu comandante. Sem um exército unido, os oposicionistas temem que a tentativa de democratizar o país não tenha resultado prático.

Transição

Saleh estava a 33 anos no poder e foi o quarto ditador a ser derrubado pela Primavera Árabe, mas o primeiro a sair de forma negociada, ao contrário do ocorrido no Egito, Líbia e Tunísia.

Em novembro do último ano, Saleh aceitou entregar a presidência em um acordo negociado com os países do Golfo, mas exigiu imunidade pelos crimes cometidos durante a repressão do levante popular contra o seu regime em 2011.

O parlamento iemenita aprovou em janeiro uma lei que impede que Saleh seja julgado por crimes políticos, assim como os responsáveis que trabalharam para o ditador nas instituições civis e militares durante seu governo.

O ex-presidente deve seguir nos próximos dias para o exílio na Etiópia ou Omã, segundo a rede americana de notícias CNN.

Hadi assume o cargo por um período de dois anos e vai comandar a elaboração de uma nova Constituição, para que em 2014 ocorram eleições parlamentares e presidenciais.

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Na cerimônia de entrega do poder, o novo presidente prometeu continuar a luta contra a Al-Qaeda no país mais pobre do mundo árabe, além de enfrentar a crescente violência, pobreza, má nutrição da população e um movimento separatista no sul.

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