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Cobre, Pinochet, imigração: cinco coisas para saber sobre o Chile antes das eleições

O segundo turno será disputado no domingo 14 entre o candidato de extrema-direita José Antonio Kast e a esquerdista Jeannette Jara

Cobre, Pinochet, imigração: cinco coisas para saber sobre o Chile antes das eleições
Cobre, Pinochet, imigração: cinco coisas para saber sobre o Chile antes das eleições
Jeannette Jara e José Antônio Kast. Fotos: Rodrigo Arangua e Marvin Recinos/AFP
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Uma ditadura sangrenta, uma indústria mineradora em expansão e o aumento da imigração são alguns dos cinco pontos-chave sobre o Chile, que terá o segundo turno da eleição presidencial no domingo 14, uma disputa entre o candidato de extrema-direita José Antonio Kast e a esquerdista Jeannette Jara.

A longa ditadura de Pinochet

O general Augusto Pinochet derrubou, em 11 de setembro de 1973, Salvador Allende, o primeiro marxista eleito presidente de forma democrática na América Latina.

Allende se suicidou no palácio presidencial.

Seguiram-se 17 anos de ditadura marcados por prisões, torturas, opositores jogados ao mar a partir de aviões e uma política que facilitou milhares de adoções estrangeiras ilegais de crianças.

Após perder um plebiscito, Pinochet entregou o poder ao democrata-cristão Patricio Aylwin, vencedor das eleições de 1989, que assumiu o cargo no ano seguinte.

No entanto, Pinochet permaneceu no comando das Forças Armadas por mais oito anos.

Morreu em 2006 sem ter sido julgado pelos crimes cometidos sob seu regime, que deixou mais de 3.200 vítimas fatais, incluindo 1.162 desaparecidos.

A Constituição de Pinochet continua em vigor. Em 2022 e 2023, os chilenos rejeitaram em referendos duas novas propostas de reforma da Carta Magna.

A primeira foi apoiada por Boric, impedido por lei de disputar a reeleição imediata; a segunda, elaborada por defensores do legado de Pinochet.

Destino da imigração

O Chile tornou-se um destino importante para imigrantes, principalmente vindos da Venezuela.

A população imigrante dobrou em sete anos e alcançou 8,8% do total em 2024, em um país de 20 milhões de habitantes, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

É a segunda maior proporção de residentes estrangeiros na América Latina, depois da Costa Rica, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

A Venezuela é o principal país de origem dos imigrantes no Chile (41,6%), seguida por Peru (14,5%) e Colômbia (12,3%).

Segundo estimativas oficiais, cerca de 337 mil imigrantes vivem em situação irregular.

A maioria entrou no país pela fronteira norte com Bolívia e Peru, uma região para onde o governo de Boric enviou o Exército no início de 2022.

O tema é central na campanha eleitoral, já que a maioria dos chilenos associa o aumento da criminalidade à imigração irregular.

Potência do cobre e do lítio

O Chile é o maior produtor mundial de cobre, responsável por um quarto da oferta global, e o segundo maior produtor de lítio.

Impulsionado pela mineração, o crescimento econômico atingiu 2,6% em 2024, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê expansão semelhante neste ano e um leve recuo no próximo (2%).

Embora o crescimento tenha desacelerado nas últimas duas décadas, o Chile mantém a menor taxa de pobreza da região e continua a reduzi-la, segundo o Banco Mundial.

A desigualdade, porém, segue elevada.

A demanda por reformas sociais mais amplas motivou, em outubro de 2019, grandes protestos de rua, alguns deles violentos.

Do deserto às geleiras

O Chile tem uma geografia única.

O país, situado entre o oceano Pacífico e a cordilheira dos Andes, é uma estreita faixa de terra que se estende por 4.300 km de norte a sul: do árido deserto do Atacama às geleiras da Patagônia.

Três placas tectônicas convergem em seu território, tornando-o um dos países mais sísmicos do mundo.

A mais de 3.500 km de distância, no Pacífico Sul, está a Ilha de Páscoa – chilena desde 1888 -, famosa por suas monumentais estátuas “moai”, relíquias de uma antiga civilização polinésia.

Poetas e escritores

Os anos de ditadura, a vida dura nas terras do sul e as lutas sociais serviram de terreno fértil para a criação literária, especialmente poética.

Os poetas Gabriela Mistral e Pablo Neruda receberam o Prêmio Nobel de Literatura em 1945 e 1971, respectivamente.

Entre os escritores de renome internacional estão Isabel Allende (A casa dos espíritos), Luis Sepúlveda (O velho que lia romances de amor) e Francisco Coloane (Terra do Fogo).

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