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Cientistas fotografaram um buraco negro. Mas o que isso significa?

Imagem inédita poderá promover avanços na compreensão da gravidade e até do universo

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Uma equipe internacional de astrônomos revelou pela primeira vez nesta quarta-feira 10 a imagem real de um buraco negro, que poderá revolucionar a compreensão sobre o tema.

A imagem foi obtida pelos cientistas que trabalham na rede mundial de telescópios Event Horizon Telescope (EHT), que há anos vinha tentando fotografar pela primeira vez a entrada de um buraco negro. Os esforços envolveram a colaboração de profissionais em várias partes do mundo.

Os astrônomos conectaram oito telescópios de rádio em quatro continentes para criar um supertelescópio virtual, cujo diâmetro é do tamanho da Terra, o que permite atingir precisão nos detalhes. Aproximadamente, seriam como se alguém em Berlim pudesse ler um jornal em Nova York.

Na imagem, o objeto se assemelha a um anel flamejante nas cores laranja, amarelo e preto. “Vimos o que pensávamos ser impossível de ver. Vimos e fizemos uma foto de um buraco negro”, disse Sheperd Doeleman, da Universidade de Harvard.

Avanços da ciência

A Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NSF), uma das organizações que apoiam o EHT, afirmou que o resultado do trabalho conjunto deverá promover avanços na compreensão dos buracos negros, da gravidade e até do universo.

Os astrônomos acreditam que os buracos negros – objetos bastante densos com um campo gravitacional tão forte que praticamente nada que se aproxime de suas bordas pode escapar – existam em quase todas as galáxias. Até a luz é atraída pela força gravitacional desses objetos, o que impede que sejam observados diretamente.

Há dois anos, os astrônomos se concentraram especialmente em dois buracos negros supermassivos, um no centro da galáxia da Terra, a Via Láctea, e outro bem mais distante, no centro da galáxia elíptica maciça M87. O projeto tem como objetivo criar uma imagem das beiradas dos dois objetos.

Enquanto grande parte da matéria é sugada pelo buraco negro para jamais ser vista novamente, a nova imagem consegue capturar gases e poeira “sortudos” que circulam nos limites do objeto ainda em segurança e que podem ser vistos da Terra milhões de anos mais tarde.

Eisntein tinha razão

A imagem, que foi registrada durante quatro dias em que os astrônomos tiveram que esperar por “tempo bom em todo o mundo e, literalmente, todas as estrelas se alinhassem”, confirma a teoria da relatividade, elaborada há cerca de um século pelo cientista Albert Einstein, que previu inclusive a forma simétrica encontrada agora pelos astrônomos.

“Ela é circular, mas em um dos lados a luz é mais brilhante”, disse Jessica Dempsey, vice-diretora do Observatório do leste da Ásia no Havaí, que participou do projeto. As medidas foram tomadas em um comprimento de onda que o olho humano não consegue detectar, motivo pelo qual os astrônomos acrescentaram cores à imagem.

O que se vê na imagem é o gás aquecido a milhões de graus pela fricção de uma gravidade cada vez mais forte, dizem os cientistas.

Essa gravidade cria um efeito semelhante a uma casa de espelhos, onde se vê a luz que está atrás do objeto e atrás do observador, enquanto a luz se curva e circula em torno do buraco negro, explicou o astrônomo Avi Loeb, diretor da Iniciativa Buraco Negro de Harvard. O projeto custou entre 50 e 60 milhões de dólares.

O horizonte de eventos de um buraco negro é o ponto sem retorno além do qual qualquer coisa – estrelas, planetas, gás, poeira e todas as formas de radiação eletromagnética – é engolida para o esquecimento.

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