Perto da linha de frente na região de Donetsk, na Ucrânia, uma estrada esburacada passa por vilarejos quase desertos. Ela se transforma numa trilha lamacenta que serpenteia pelos campos e, finalmente, chega a uma base militar escondida numa floresta. Lá, enquanto uma chaleira fervia sobre um fogareiro a gás, um soldado esgotado de 39 anos, que quis ser citado apenas pelo apelido, Titushko, falou sobre os problemas de combater os russos com uma séria escassez de munição, enquanto o som de tiros de posições próximas ecoava pela base.
Em novembro, os homens de Titushko, parte de uma divisão de artilharia da Primeira Brigada de Tanques da Ucrânia, recebiam cerca de 300 projéteis a cada dez dias, mas agora estão limitados a dez disparos por dia. “Naquela época podíamos mantê-los alertas, atirar o tempo todo, mirar sempre que víamos um alvo. Agora disparamos exclusivamente para defesa”, lamentou. As escassas reservas de munições na base são parcialmente constituídas por munições iranianas, parte de um carregamento apreendido no Golfo Pérsico, aparentemente a caminho dos rebeldes houthis no Iêmen. Elas são “extremamente problemáticas e não funcionam bem”, afirmou outro soldado da base.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login