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China eleva orçamento militar em 12,2%

Gastos com defesa devem chegar a cerca de 130 bilhões de dólares em 2014, mas analistas estimam que valor real gasto em armamento pelos chineses é muito maior

Vizinhos asiáticos estão apreensivos com uma série de ações chinesas para reafirmar seu papel de liderança na região
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O governo da China anunciou nesta quarta-feira (05/03) um aumento de 12,2% em seu orçamento militar para 2014. A decisão, anunciada no início da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, em Pequim, vem num momento delicado, no qual vizinhos asiáticos reagem com apreensão a uma série de ações chinesas para reafirmar seu papel de liderança na região.

“Nós vamos aumentar exaustivamente a natureza das Forças Armadas chinesas, modernizá-las ainda mais e melhorar seu desempenho, dando continuidade ao aumento de suas capacidades de dissuasão e combate na era da informação”, afirmou o primeiro-ministro Li Keqiang.

O aumento, o maior desde 2011, vai elevar o orçamento militar chinês para 808 bilhões de yuans (131,5 bilhões de dólares) e deve ser destinado principalmente à modernização de armas e ao reforço de defesas aéreas.

Analistas calculam que o valor destinado pela China à área de defesa é muito maior, podendo chegar a 215 bilhões de dólares. O líder global em gastos militares ainda são os EUA, com um orçamento de 526,8 bilhões de dólares para este ano.

O aumento no orçamento de defesa chinesa é anunciado num momento de tensão entre Pequim e alguns de seus vizinhos asiáticos por conta de disputas nos mares da região.

A China disputa com o Japão a soberania sobre um conjunto de ilhas no Mar da China Oriental. Pequim também reivindica 90% dos 3,5 milhões de quilômetros quadrados do Mar da China Meridional, possivelmente rico em gás e petróleo – Filipinas, Vietnã, Malásia, Brunei e Taiwan também dizem ter direito à área.

Preocupação

O anúncio feito pelo governo chinês foi recebido com cautela por analistas. “Isso é uma notícia preocupante para os vizinhos da China, especialmente para o Japão”, disse Rory Medcalf, consultor de segurança regional do Instituto Lowy, em Sydney, na Austrália.

O especialista em segurança Toshi Nakayama, da Universidade Aoyama Gakuin, no Japão, disse que Tóquio vê com inquietação o aumento da presença militar chinesa.

Na terça-feira, o secretário-assistente dos EUA para Defesa na Ásia Oriental, David Helvey, disse que o Pentágono estava procurando estabelecer laços “saudáveis” com os militares chineses, mas cobrou uma abertura maior por parte de Pequim.

“Continuamos preocupados com a falta de transparência da China sobre seu crescimento militar e sobre seu comportamento cada vez mais assertivo no domínio marítimo”, disse Helvey durante uma audiência no Senado americano.

A China insiste que o mundo não precisa temer seus gastos militares, afirmando que eles são destinados apenas para propósitos de defesa. “Alguns países tentam vender a imagem da China como uma grande ameaça”, disse a porta-voz da Assembleia Nacional Popular, Fu Ying. “Com base em nossa história e experiência, nós acreditamos que a paz só pode ser mantida com a força.”

A Assembleia Nacional Popular é o Parlamento da China, composto de cerca de 3 mil delegados, e se reúne uma vez por ano. Ela é controlada pelo Partido Comunista.

Edição Alexandre Schossler


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