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China alerta EUA contra restrições comerciais ‘desastrosas’

A secretária americana do Comércio, Gina Raimondo, está em uma visita de quatro dias à China para tentar reduzir as tensões com a segunda maior economia do mundo

A China de Jinping e os EUA de Biden reeditam a Guerra Fria, mas a primeira está em melhores condições do que a antiga União Soviética - Imagem: Saul Loeb/AFP
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O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, advertiu nesta terça-feira 29 o governo dos Estados Unidos que as medidas para “politizar” as relações comerciais são “desastrosas” para a economia mundial.

A secretária americana do Comércio, Gina Raimondo, está em uma visita de quatro dias à China para tentar reduzir as tensões com a segunda maior economia do mundo.

Ela se reuniu nesta terça-feira com o primeiro-ministro Li Qiang, que criticou as restrições comerciais americanas, que Washington considera necessárias para a segurança nacional.

“A politização das questões econômicas e comerciais e a extensão excessiva do conceito de segurança não apenas afetarão gravemente as relações bilaterais e a confiança mútua, como também prejudicarão os interesses das empresas e das populações de ambos os países, e terão um impacto desastroso na economia mundial”, disse Li a Raimondo, segundo a agência oficial de notícias Xinhua.

As relações entre as duas potências estão no pior nível em várias décadas, em grande parte devido às restrições comerciais americanas.

O presidente Joe Biden promulgou este mês uma ordem executiva para restringir determinados investimentos americanos em alguns setores delicados de alta tecnologia da China, o que Pequim chamou de “antiglobalização”.

As novas medidas, que devem entrar em vigor no próximo ano, afetam setores como os semicondutores e a Inteligência Artificial.

Neste sentido, o primeiro-ministro fez um apelo para que o governo dos Estados Unidos mude de rumo, ao afirmar que “as duas partes devem fortalecer a cooperação mutuamente benéfica, reduzir o atrito e o confronto, e promover conjuntamente a recuperação econômica mundial e enfrentar os desafios globais”.

Gina Raimondo destacou a importância de uma comunicação aberta e citou áreas de “preocupação global”, como a mudança climática, a Inteligência Artificial ou a crise de fentanil, e disse a Li que Washington deseja “trabalhar como duas potências globais para fazer o que é correto para toda a humanidade”.

“O mundo espera que façamos mais, juntos, para resolver estes problemas”, disse.

“Reduzir mal-entendidos”

A secretária também reiterou a mensagem do governo dos Estados Unidos de que não está buscando desvincular o país da economia da China.

“Buscamos manter nossa relação comercial de 700 bilhões de dólares (3,4 trilhões de reais na cotação atual) com a China, e esperamos que esta relação possa proporcionar estabilidade à relação geral”, disse.

Gina Raimondo também se reuniu nesta terça-feira com o vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, e descreveu a relação comercial entre os dois países como “uma das mais importantes do mundo”.

“Administrar esta relação de maneira responsável é fundamental para nossas duas nações e, de fato, para todo o mundo”, afirmou na parte da reunião aberta aos jornalistas.

Ela também ressaltou que Washington “nunca comprometeria a proteção da nossa segurança nacional”, mas acrescentou que o governo dos Estados Unidos não pretende “frear a economia da China”.

Gina Raimondo também deve visitar a capital econômica do país, Xangai, antes de retornar aos Estados Unidos na quarta-feira.

A viagem da funcionária de alto escalão do governo americano a Pequim é parte dos esforços de Washington nos últimos meses para tentar reduzir as tensões com a segunda maior economia do mundo.

Em uma reunião na segunda-feira entre a secretária americana do Comércio e o ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, os dois aprovaram a criação do que Washington chama de “troca de informações para reduzir os mal-entendidos sobre as políticas de segurança nacional dos Estados Unidos”.

Wang, no entanto, expressou “preocupações sérias” sobre questões como as tarifas americanas sobre bens chineses, suas políticas de semicondutores, as restrições aos investimentos em ambas as direções, os subsídios discriminatórios e as sanções contra empresas chinesas”.

Washington defende tais políticas como necessárias para “eliminar o risco” em suas cadeias de suprimento, mas Wang advertiu que “vão contra as regras do mercado e o princípio da concorrência justa e só prejudicam a segurança e estabilidade da indústria global e das cadeias de suprimentos”.

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