Chefe do governo espanhol recusa reunião com Guaidó e pede diálogo com Venezuela

'A posição da Espanha sempre foi de encarnar, pelas instituições europeias, uma resposta que passe pelo diálogo', disse Pedro Sánchez

Juan Guaidó se encontrou neste sábado 25 com a ministra das Relações Exteriores da Espanha, Arancha González, em Madri. Foto: Javier Soriano/AFP

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A atitude desencadeou uma tempestade política na Espanha, mas o chefe de governo Pedro Sánchez não voltou atrás na decisão de recusar o encontro com o opositor venezuelano Juan Guaidó em Madri. O socialista se defendeu neste sábado 25 das críticas da direita espanhola, sugerindo o diálogo para colocar um fim à crise na Venezuela.

“É uma crise complexa, que exige diálogo”, afirmou Pedro Sánchez. “A posição do governo espanhol sempre foi de encarnar, através das instituições europeias, uma resposta que passe pelo diálogo”, reiterou o líder socialista.

Depois de viajar à Davos para o Fórum Econômico Mundial, ser recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris, e pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em Londres, Guaidó viajou a Madri. Ele se encontrou neste sábado com a ministra das Relações Exteriores da Espanha, Arancha González, em uma reunião na instituição da Casa da América, mas não na sede do ministério, como manda o protocolo.

A recusa de Sánchez irritou o entorno de Guaidó, os Estados Unidos e provocou fortes críticas de lideranças conservadoras na Espanha. O opositor venezuelano é reconhecido como presidente interino da Venezuela por cinquenta países, incluindo pelo próprio governo espanhol.

“Sempre apoiamos a oposição venezuelana e queremos que eleições sejam rapidamente organizadas na Venezuela”, completou Sánchez. O chefe de governo lembrou que o opositor Leopoldo López chegou a ser acolhido como refugiado na embaixada da Espanha em Caracas em maio de 2019.


Novo capítulo da polêmica

A polêmica foi endossada após José Luis Ábalos, ministro do Desenvolvimento da Espanha, ter reconhecido que conversou na última segunda-feira (20) com Delcy Rodríguez, número dois do governo de Nicolás Maduro. Ábalos alega que foi ao aeroporto de Madri receber o o ministro do Turismo da Venezuela, Félix Plasencia, seu amigo pessoal. A vice-presidente venezuelana viajava no mesmo avião particular que seguiu para a Turquia.

“Apenas a cumprimentei. Lembrei-a de que ela não poderia entrar em solo espanhol devido às sanções da União Europeia”, afirmou Ábalos, em entrevista ao jornal espanhol La Razón neste sábado.

O líder do Partido Popular (PP), Pablo Casado, também se reunirá com Guaidó, assim como o prefeito e a presidente regional de Madri, ambos da formação de direita. Na sexta-feira 24, Casado pediu a Sánchez definir “de que lado está”. O líder conservador vinculou a atitude do socialista à entrada no governo espanhol do partido de esquerda radical Podemos, que no passado expressou simpatia e manteve relações com o chavismo.

Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela há um ano, violou a proibição de deixar seu país para iniciar este giro europeu. O opositor busca apoio para tentar retirar Maduro do poder.

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