Mundo

Chefe do Canal do Panamá diz que atender a pedido de Trump ‘levaria ao caos’

O presidente eleito dos EUA quer que o Canal do Panamá dê um tratamento preferencial para navios americanos

Chefe do Canal do Panamá diz que atender a pedido de Trump ‘levaria ao caos’
Chefe do Canal do Panamá diz que atender a pedido de Trump ‘levaria ao caos’
Presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Foto: Ting Shen/AFP
Apoie Siga-nos no

Curvar-se à exigência do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de que os barcos americanos que passam pelo Canal do Panamá tenham tratamento preferencial “levaria ao caos”, disse o administrador da via interoceânica nesta quarta-feira 8.

“Regras são regras e não há exceções”, disse o líder da Autoridade do Canal do Panamá, Ricuarte Vásquez Morales, ao Wall Street Journal.

“Não podemos discriminar os chineses nem os americanos nem ninguém”, afirmou em entrevista ao jornal americano. “Isto violaria o tratado de neutralidade, o direito internacional e levaria ao caos“, acrescentou.

Os Estados Unidos construíram, inauguraram e operaram o canal até que o ex-presidente americano Jimmy Carter chegou a um acordo na década de 1970 para ceder gradualmente o controle da via marítima às autoridades panamenhas.

Trump é contrário a esse acordo e, na terça-feira, negou-se a descartar o uso da força militar para recuperar o canal. O republicano também ameaçou se apoderar da Groenlândia e a utilizar a “força econômica” contra o vizinho Canadá.

Trump afirma que a China controla o Canal do Panamá. Por sua vez, Vásquez Morales o contesta e assegura que é uma afirmação “infundada”. “A China não está envolvida de nenhuma maneira em nossas operações”, disse ele ao Wall Street Journal.

Uma empresa chinesa opera dois portos em cada extremo da via, mas o canal em si é gerido pela Autoridade do Canal do Panamá.

Vásquez Morales insistiu em que a Autoridade do Canal do Panamá não cobra dos navios americanos tarifas mais altas que os demais.

A única exceção a suas normas, acrescentou, é que os navios da Marinha americana recebem tratamento prioritário em virtude do acordo alcançado na década de 1970, o que lhes permite viajar rapidamente entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Na terça-feira, o chanceler panamenho, Javier Martínez-Acha, afirmou que “a soberania” do canal “não é negociável”. “É parte de nossa história de luta e uma conquista irreversível”. “As únicas mãos que controlam o canal são panamenhas e continuará sendo assim”, frisou.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo