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Chefe da Comissão Europeia propõe sanções contra ministros extremistas de Israel
Ursula von der Leyen também afirmou que gostaria de suspender parcialmente um acordo comercial entre a União Europeia e o país governado por Benjamin Netanyahu
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs nesta quarta-feira 10 sanções contra os ministros extremistas de Israel e uma suspensão parcial do acordo entre a União Europeia (UE) e o país diante da situação “inaceitável” em Gaza.
“Vamos propor sanções contra os ministros extremistas e os colonos violentos. Também vamos propor uma suspensão parcial do acordo de associação em questões relacionadas ao comércio”, declarou ao Parlamento Europeu em Estrasburgo, embora tenha reconhecido que seria “difícil” encontrar uma maioria de Estados-membros a favor dessas medidas.
“A fome provocada pelo homem nunca pode servir como arma de guerra“, destacou Von der Leyen, referindo-se a uma situação “inaceitável” na Faixa de Gaza.
A ONU declarou em 22 de agosto que, em algumas partes do território palestino sitiado por Israel, prevalecia uma situação de fome, algo rejeitado por Israel.
O chanceler israelense, Gideon Saar, criticou nesta quarta-feira as declarações da presidente da Comissão, que classificou como “lamentáveis” e até mesmo considerou um “eco da falsa propaganda do Hamas e seus aliados”.
“Mais uma vez, a Europa está enviando uma mensagem equivocada, que fortalece o Hamas e o eixo radical no Oriente Médio”, declarou Saar no X.
Em seu discurso, Von der Leyen também expressou que as recentes decisões do governo israelense, como os últimos projetos de colonização na Cisjordânia que ameaçam dividi-la em dois, são igualmente “inaceitáveis”.
“Tudo isso demonstra uma clara tentativa de minar a solução de dois Estados (…) Não devemos permitir que algo assim aconteça”, declarou.
No entanto, os 27 países da UE têm se mostrado até agora muito divididos sobre a atitude que devem adotar em relação a Israel desde o início de sua guerra contra o Hamas, lançada em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023 em território israelense pelo movimento islamista palestino.
Essa falta de maioria inclusive impediu a adoção da suspensão de um programa de ajuda a empreendimentos israelenses, proposta anteriormente pela Comissão.
Desta vez, Von der Leyen quer ir além e propõe interromper o capítulo comercial do acordo de associação entre a UE e Israel, uma medida exigida há muito tempo por vários Estados-membros, entre eles Espanha e Bélgica.
O bloco europeu é o principal parceiro comercial de Israel e, embora a suspensão do acordo não impeça esses intercâmbios, anularia os direitos preferenciais de alfândega e suas isenções.
No entanto, a iniciativa requer uma maioria qualificada dos Estados-membros, o que torna sua adoção complexa.
Diante do impasse da UE, vários países decidiram agir por conta própria.
A Bélgica decidiu na semana passada impor unilateralmente uma série de sanções contra Israel e alguns de seus ministros, enquanto se comprometeu a se juntar aos países que reconhecerão o Estado da Palestina durante a próxima Assembleia Geral das Nações Unidas.
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