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Chanceler da Argentina pede demissão em semana decisiva para Milei

A saída de Gerardo Werthein deve se concretizar na segunda-feira 27

Chanceler da Argentina pede demissão em semana decisiva para Milei
Chanceler da Argentina pede demissão em semana decisiva para Milei
Gerardo Werthein, ministro de Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da Argentina. Foto: Divulgação
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O chanceler da Argentina, Gerardo Werthein, apresentou ao presidente Javier Milei um pedido de demissão, informaram diversos veículos locais nesta quarta-feira 22.

Segundo o jornal Clarín, a saída se tornará oficial na próxima segunda-feira 27, um dia depois das eleições legislativas de meio mandato, consideradas cruciais para o governo do ultradireitista.

A pressão sobre Werthein cresceu nos últimos dias, após Milei anunciar que promoveria mudanças pós-eleitorais em seu gabinete. Também contribuiu para a renúncia a repercussão da viagem do argentino aos Estados Unidos, onde se reuniu com Donald Trump.

O que era para ser um trunfo político se converteu em dor de cabeça. Em 14 de outubro, Trump advertiu que a manutenção de sua ajuda financeira à Argentina depende do resultado das eleições legislativas de domingo. “Nossas decisões estão sujeitas a quem vencer as eleições, porque, se um socialista vencer, a sensação é muito diferente quanto a fazer o investimento”, disse o presidente norte-americano. “Se não vencer, vamos embora.”

As declarações provocaram polêmica inclusive no governismo. Muitos tiveram a impressão de que Trump confundiu a disputa legislativa com a próxima eleição presidencial, que só ocorrerá em 2027.

O jornal Pagina 12 informou nesta quarta-feira que Milei não perdoou o fato de seu chanceler não explicar corretamente a Trump o tipo de disputa eleitoral que ocorrerá no domingo 26.

A se confirmar a saída de Werthein, será a segunda mudança na chancelaria de Milei em menos de dois anos de governo. No fim de 2024, caiu Diana Mondino, após a Argentina votar contra o embargo norte-americano a Cuba na ONU.

Na última segunda-feira 20, a Argentina formalizou uma linha de financiamento de 20 bilhões de dólares com os Estados Unidos por meio de um swap (troca de moedas), como parte de um acordo de estabilização cambial.

O governo Trump também prometeu a Milei outros 20 bilhões de dólares em fundos públicos e privados para lidar com as turbulências do mercado — desde que o argentino obtenha um bom desempenho nas urnas.

No próximo domingo, após o duro baque nas eleições legislativas da província de Buenos Aires em setembro, Milei buscará ampliar seu escasso apoio legislativo, embora não tenha grandes perspectivas de formar uma maioria — nem sequer a principal minoria. Ele tentará garantir que seu partido, A Liberdade Avança, tenha cadeiras suficientes para assegurar alguma margem de manobra ao se somar a congressistas de centro-direita.

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