Mundo
Chamado de ‘palhaço’, presidente português recorre à Justiça
Ofensa de jornalista ao presidente pode ser punida com pena de três anos de prisão, ou multa, segundo artigo do código penal que Anibal Cavaco Silva citou para formular a queixa
LISBOA (AFP) – A Justiça portuguesa abriu uma investigação nesta sexta-feira 24 para determinar se o fato de tratar o presidente de “palhaço”, como fez um escritor e jornalista português, vale uma queixa por injúria por parte do chefe de Estado.
“Já temos um palhaço. Ele se chama (Anibal) Cavaco Silva”. A frase, manchete do Jornal de Negócios, foi pronunciada pelo jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares.
O escritor respondeu assim, em uma entrevista ao jornal, a uma questão sobre o eventual surgimento em Portugal de uma personalidade como o comediante, e agora político italiano, Beppe Grillo.
As palavras não agradaram o presidente, que pediu ao procurador da República que determinasse se o insulto poderia ser comparado a “uma ofensa à honra” do chefe de Estado. Uma investigação foi aberta.
“A ofensa à honra” do presidente pode ser punida com pena de três anos de prisão, ou multa, segundo artigo do código penal que Cavaco Silva citou para formular a queixa.
Sousa Tavares rapidamente admitiu, em declarações à agência Lusa, ter “exagerado” nas palavras. “Não tenho nenhuma consideração política por Cavaco Silva, mas tenho pelo chefe de Estado seja quem for”, declarou.
O presidente português, cujo papel é essencialmente protocolar, é alvo frequente de piadas de seus compatriotas. Recentemente, ele foi foi ridicularizado por dizer que uma “intervenção de Nossa Senhora de Fátima” permitiu a Portugal, que recebe ajuda financeira, obter um novo prazo de seus credores.
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