Mundo

Cazaquistão diz que prendeu quase 6 mil em onda de protestos

Segundo governo, 164 pessoas foram mortas nos violentos distúrbios que há dias abalam a ex-república soviética. Números não podem ser confirmados de forma independente

Manifestantes perto de prédio do governo em Almaty, Cazaquistão. 05/01/2022 AFP/AFP
Apoie Siga-nos no

O governo do Cazaquistão anunciou neste domingo (09/01) que 164 pessoas foram mortas nos violentos protestos que há dias abala a ex-república soviética

Somente na maior cidade do país, Almaty, 103 pessoas, incluindo duas crianças, perderam a vida durante confrontos entre manifestantes e forças de segurança, de acordo com dados oficiais.

O gabinete do presidente do país anunciou que cerca de 5.800 pessoas foram detidas em conexão com os protestos contra o governo, incluindo “um número significativo de estrangeiros”. Não foi divulgado claro quantas delas continuavam presas neste domingo.

Mais de 2,200 pessoas ficaram feridas. E de acordo com Ministério da Saúde, 719 se encontravam hospitalizadas neste domingo, sendo que 83 delas, em estado crítico.

As informações não podem ser verificadas de forma independente.

O número atualizado de óbitos, representa um aumento significativo em relação ao balanço anterior, que contabilizava 26 óbitos por parte dos manifestantes e 16 entre as forças de segurança.

“Terroristas treinados no exterior”

Na quarta-feira, o presidente Kassym-Shomart Tokayev culpou “terroristas” treinados no exterior pelos distúrbios. “A situação se estabilizou em todas as regiões do país”, disse comunicado do escritório do presidente neste domingo, acrescentando, entretanto, que as forças de segurança continuariam suas operações de “limpeza”.

Segundo estimativas do Ministério do Interior, mais de 100 lojas e bancos foram saqueados e mais de 400 veículos foram destruídos.

Em Almaty, a situação melhorou um pouco no domingo, e os supermercados reabriram. Nos últimos dias, longas filas se formaram, especialmente em frente aos postos de gasolina do país.

A agitação provocou temores de escassez de suprimentos. O aeroporto de Almaty, que foi brevemente ocupado por manifestantes durante os protestos, permanecerá fechado até nova ordem, segundo as autoridades.

A ex-república soviética foi abalada nos últimos dias por confrontos sem precedentes entre manifestantes e forças de segurança. Os protestos, inicialmente dirigidos contra o aumento dos preços do gás, transformaram-se em manifestações críticas ao governo em todo o país.

O chefe de Estado do país, Kassym-Shomart Tokayev, recebeu apoio de tropas de uma aliança militar liderada pela Rússia e deu às forças de segurança do Cazaquistão ordem para atirar nos manifestantes na sexta-feira.

Preocupaçao no exterior

No decorrer dos protestos, o ex-chefe de governo e ex-chefe do serviço de inteligência doméstico, Karim Massimov, foi preso por suspeita de alta traição. Massimov foi demitido do cargo de chefe do Comitê de Segurança Nacional depois que manifestantes invadiram prédios do governo em Almaty.

O homem de 56 anos é considerado um aliado próximo do ex-presidente autoritário Nursultan Nazarbayev. Grande parte da raiva dos manifestantes se dirige a ele.

Diz-se que Nazarbayev continua a exercer grande influência no país. Ele mesmo havia escolhido seu sucessor, Tokayev, em 2019, mas havia sido substituído por ele há alguns dias na chefia do Conselho de Segurança Nacional. Isso provocou especulações sobre uma luta pelo poder entre os dois homens.

A crise no Cazaquistão está sendo acompanhada com preocupação no exterior. O governo da Alemanha interrompeu no sábado suas exportações de armas para o país devido à violência.

O papa Francisco disse no domingo que soube “com dor” que houve vítimas durante as manifestações no Cazaquistão e pediu a todos os envolvidos que entrem em diálogo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo