Mundo
Candidato de Milei desiste de legislativas argentinas após escândalo ligado ao narcotráfico
José Luis Espert, do partido A Liberdade Avança, reconheceu ter recebido 200 mil dólares de um empresário investigado por venda de drogas


Um deputado do partido de Javier Milei desistiu neste domingo 5 de disputar as eleições legislativas do fim do mês, após reconhecer pagamentos feitos por um empresário investigado por narcotráfico, um caso que o presidente argentino atribui a “uma operação” da oposição.
O escândalo que envolve o deputado José Luis Espert vem à tona em um momento de pressão sobre o governo, que viu na última semana o Congresso derrubar dois vetos de Milei, em meio a acusações de corrupção, volatilidade financeira e a uma derrota eleitoral local importante em setembro.
Tudo isso é “uma grande mentira para manchar este processo eleitoral”, denunciou no X o ex-candidato, ao anunciar que o presidente havia aceitado sua renúncia. “Não posso permitir que o projeto de país que executamos com tanto esforço desmorone”, acrescentou Espert, que permanece como deputado.
Milei defendeu Espert energicamente em entrevista ao canal LN+, na qual acusou a oposição de espalhar “um conjunto de calúnias, injúrias e todas essas coisas aberrantes”.
O partido governista, A Liberdade Avança, é minoria em ambas as câmaras. O governo espera ganhar algumas cadeiras nas legislativas do próximo dia 26, embora não tenha perspectivas de obter a maioria.
A campanha foi abalada após vir à tona, no último domingo, que Espert recebeu em 2020 cerca de 200 mil dólares de Federico “Fred” Machado, que cumpre prisão domiciliar na Argentina e é procurado nos Estados Unidos por suspeita de ligação com o narcotráfico.
Espert, um economista de 63 anos, admitiu na semana passada que recebeu essa quantia como pagamento por um trabalho de consultoria para uma empresa de mineração na Guatemala de propriedade de Machado, um argentino de 57 anos.
Espert também admitiu que fez cerca de 35 viagens em aviões de Machado durante a campanha presidencial de 2019, mas disse que desconhecia sua suposta ligação com o narcotráfico.
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