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Candidato de esquerda abandona campanha pública após ameaças de morte no Equador

Por causa do narcotráfico e do crime organizado, o Equador é um dos países mais violentos do mundo

Candidato de esquerda abandona campanha pública após ameaças de morte no Equador
Candidato de esquerda abandona campanha pública após ameaças de morte no Equador
Pedro Granja, candidato à Presidência do Equador, em entrevista coletiva em 6 de novembro de 2024. Foto: Gerardo Menoscal/AFP
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O candidato de esquerda Pedro Granja, um dos 16 postulantes à Presidência do Equador na eleição de fevereiro de 2025, se recusou, nesta quarta-feira 6, a fazer campanha pública, após denunciar ameaças de morte contra ele e ataques a familiares e a outro candidato do partido.

“Eu me recuso a fazer deslocamentos”, disse o político, usando colete à prova de balas, durante uma coletiva de imprensa na cidade portuária de Guayaquil. “Não posso renunciar à candidatura. A candidatura é irrenunciável.”

Granja, que se identifica como um especialista antimáfia, afirmou ter sofrido ameaças de morte há uma semana, tornando-se o segundo presidenciável – depois do direitista Jan Topic – a denunciar intimidações no país, assolado pela violência do narcotráfico.

O candidato do Partido Socialista, com menos de 2% das intenções de voto segundo duas pesquisas privadas divulgadas em agosto, declarou que, contra a sua vontade, evitará visitar bairros pobres, universidades e centros comunitários, aos quais o “convidam permanentemente”.

“Fui aterrorizado, não posso mais fazer deslocamentos”, acrescentou Granja.

Por causa do narcotráfico e do crime organizado, o Equador é um dos países mais violentos do mundo, com uma taxa recorde de homicídios de 47 por 100.000 habitantes em 2023, frente aos 6/100.000 de 2018.

Cerca de uma dúzia de políticos foram assassinados no Equador desde 2023.

O centrista Fernando Villavicencio foi assassinado por pistoleiros ao sair de um comício em Quito, durante a campanha presidencial do ano passado.

Daniel Noboa, no cargo há um ano, mantém uma guerra contra cerca de 20 organizações tachadas de “terroristas” e “beligerantes”, com vínculos com cartéis internacionais, na qual mobilizou militares nas ruas, após declarar o país em conflito armado interno.

Granja denunciou que à incursão violenta de indivíduos não identificados à casa de um irmão, há uma semana, somou-se, nesta quarta-feira, a entrada de “indivíduos armados” na residência onde moram seus pais, uma irmã e uma sobrinha, “para buscar também documentos” sobre fatos de corrupção.

Ele disse, ainda, que no sábado, o candidato a deputado Joselo Arguello, também do Partido Socialista, foi atacado a tiros quando viajava em um veículo no qual ele “vinha circulando em dias anteriores”. Uma pessoa ficou ferida na ação.

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