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Candidata de esquerda e ultradireitista se enfrentarão no 2º turno no Chile

Nova eleição no País deve acontecer em 14 de dezembro

Candidata de esquerda e ultradireitista se enfrentarão no 2º turno no Chile
Candidata de esquerda e ultradireitista se enfrentarão no 2º turno no Chile
Os candidatos à Presidência do Chile Jeannette Jara, de esquerda, e José Antonio, de extrema direita. Fotos: Rodrigo Arangua e Guillermo Salgado/AFP
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A candidata de esquerda Jeannette Jara e o de ultradireita José Antonio Kast vão disputar o segundo turno para definir o próximo presidente do Chile, após as eleições deste domingo 16, cuja campanha esteve dominada pelo medo e a insegurança, que uma maioria associa à imigração irregular.

Com quase 53% dos votos apurados, Jara, una comunista que representa uma ampla coalizão de centro-esquerda, supera por menos de 3% dos votos seu rival do Partido Republicano.

Com esses resultados, o Chile irá ao segundo turno em 14 de dezembro, como antecipavam as pesquisas.

“Parabenizo Jeannette Jara e José Antonio Kast pela ida ao segundo turno”, declarou pouco depois o presidente de esquerda Gabriel Boric.

Na terceira posição está um surpreendente Franco Parisi, um economista do Partido de la Gente, considerado um populista que supera o ultraliberal Johannes Kaiser, que as pesquisas situavam nessa posição.

Embora seja um dos países mais seguros do continente, a campanha eleitoral esteve dominada pelo medo diante do aumento da delinquência, o que deu impulso à extrema-direita e seu plano de deportação em massa e combate frontal à criminalidade.

Parisi também se insere nessa linha.

Pela primeira vez pode haver no Chile um governo de extrema-direita depois do fim da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), há 35 anos.

Uma violência desconhecida no Chile deslocou o desejo de mudança que há quatro anos levou Boric ao poder, com sua promessa fracassada de mudar a Constituição herdada do ditador Pinochet, após o levante social de 2019.

Os homicídios aumentaram 140% na última década, passando de uma taxa de 2,5 para 6 para cada 100.000 habitantes em 2024, segundo o governo.

No ano passado, o Ministério Público relatou 868 sequestros, um aumento de 76% em relação a 2021.

Embora esses números sejam baixos inclusive a nível mundial, o problema é “a chegada do crime organizado e de crimes que eram desconhecidos até agora em nosso país, como os matadores de aluguel”, opina Gonzalo Müller, diretor do Centro de Políticas Públicas.

Os chilenos também votaram para renovar a Câmara dos Deputados e metade do Senado.

Foco na segurança

A campanha esteve dominada do início ao fim pelas propostas de segurança, o que inclusive obrigou Jara a relegar suas ideias para programas sociais ao segundo plano para falar sobre suas estratégias de combate à criminalidade.

Neste domingo, a candidata de 51 anos criticou seus rivais por “exacerbar o medo”. Isso não “serve para governar um país […] é preciso ter capacidade de realizar acordos, ter capacidade de diálogo”, disse.

Ex-ministra do Trabalho de Boric, Jara antecipou durante a campanha que não terá “nenhum problema com a questão da segurança”, mas que também garantirá que os chilenos tenham “a segurança de chegar ao fim do mês”.

Um de seus projetos contra o crime organizado é o levantamento do sigilo bancário para atacar suas finanças.

Caminho pavimentado

Seu principal rival disputa pela terceira vez a presidência.

Kast, de 59 anos, direcionou sua campanha contra os 337.000 imigrantes em situação irregular, a maioria venezuelanos.

Sua mensagem repercutiu em meio à comoção causada pelo Trem de Aragua, a temível gangue de origem venezuelana envolvida em sequestros, extorsões e outros crimes, que espalhou suas atividades pela América do Sul.

Kast promete deportações em massa e um “escudo fronteiriço” para deter a entrada de estrangeiros sem documentos, que inclui cercas metálicas e fossos.

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