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Cabo Verde: candidato da esquerda José Maria Neves é eleito presidente

‘Quero ser um presidente que une, que protege e que cuida’, declarou Neves

José Maria Neves discursa na Assembleia Geral da ONU em 2015. Foto: Jewel SAMAD/AFP
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De acordo com resultados ainda não definitivos, o ex-primeiro-ministro de Cabo Verde José Maria Neves venceu as eleições presidenciais no primeiro turno neste domingo 17. “Quero ser um presidente que une, que protege e que cuida”, declarou o candidato do PAICV, da esquerda tradicional no país.

Foi uma noite de festa para os militantes do Partido Africano pela Independência do Cabo Verde (PAICV). Logos após o anúncio dos resultados parciais, que apontaram 51,5% dos votos a José Maria Neves, os cidadãos saíram às ruas e buzinaços tomaram Praia, a capital do país.

Ao chegar na sede do partido, José Maria Neves foi acolhido por uma multidão. Aos 61 anos, o ex-chefe de governo de Cabo Verde alcançou maioria absoluta e se elegeu no primeiro turno. Cerca de 97% das urnas já foram apuradas, levando seu principal adversário, Carlos Veiga, a reconhecer a derrota.

Em discurso, o líder progressista reconheceu estar diante de “uma enorme responsabilidade”. José Maria Neves prometeu ser o presidente de todos os cabo-verdianos e “servir ao país com imparcialidade”.

A maior vitória, no entanto, foi da abstenção. No total, 51,7% dos eleitores não votaram. De acordo com a constituição cabo-verdiana, o presidente da República é eleito por sufrágio universal e direto pelos 398.865 cidadãos registrados em território nacional e no exterior.

Cabo Verde: exemplo da África ocidental

José Maria Neves bateu por quase 10 pontos seu principal rival, Carlos Veiga, do Movimento pela Democracia (MPD), de centro-direita, que obteve 42,6% dos votos. Ao reconhecer a derrota, Veiga felicitou o adversário e parabenizou o civismo dos cabo-verdianos durante a votação.

A eleição ocorreu de forma organizada e sem incidentes graves neste país que é considerado como um exemplo democrático da África ocidental. Os resultados ainda deverão ser validados pela comissão eleitoral.

O campo de governo do presidente é restrito, já que Cabo Verde obedece a uma regime semiparlamentar dividido entre o chefe de Estado, o primeiro-ministro e o parlamento. Tudo indica que o país será governado por uma coalizão, já que no último 18 de abril, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva obteve maioria absoluta no Parlamento (com 38 cadeiras de um total de 72), à frente do PAICV (30 cadeiras).

Desde a instauração do multipartidarismo em 1990, 15 anos após se tornar independente de Portugal, os dois partidos dividem o poder e realizam uma alternância sem conflitos.

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