Mundo
Brasil e Vaticano negociam no segundo encontro entre governo e oposição na Venezuela
Há mais de 15 anos, lados opostos não se juntavam em uma mesa de diálogo. A ideia é buscar uma solução para a crise no país


O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, viajou na manhã desta terça-feira 15 a Caracas para participar do segundo encontro entre o governo da Venezuela e representantes da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que agrupa partidos da oposição. A reunião tem o objetivo de estabelecer o diálogo entre as duas partes e buscar uma solução para a crise que o país atravessa nos últimos dois meses, com manifestações violentas que levaram à morte de 40 pessoas, além de centenas de feridos.
Figueiredo Machado, assim como os chanceleres da Colômbia e do Equador, participam como representantes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) testemunhas do diálogo e também estiveram presentes no primeiro encontro entre governo e oposição, realizado no dia 10 de abril. O grupo acompanha de perto a situação na Venezuela desde a criação de uma comissão para apoiar e auxiliar o diálogo político entre os venezuelanos. A comissão foi criada em 12 de março, durante reunião extraordinária do Conselho de Ministras e Ministros das Relações Exteriores da Unasul, em Santiago, no Chile.
Para testemunhar o diálogo entre as duas partes, além dos chanceleres da Unasul, governo e oposição concordaram em chamar um representante do Vaticano, que participou com o núncio apostólico Aldo Giordano. Na semana passada, o encontro aconteceu no Palácio Miraflores, sede do governo em Caracas.
O ministro brasileiro esteve em Caracas pelo menos em três ocasiões na tentativa de avançar em busca do diálogo entre governo e oposição, que trocam acusações pelos meios de comunicação. Na semana passada, ele passou alguns dias no país e, no dia 10, a MUD aceitou dialogar diretamente com o governo.
O clima entre os lados, no entanto, é de extrema desconfiança. Apesar disso, a Unasul manifestou, após mais de seis horas de diálogo, que o encontro deixou como resultado “evidências de que existe vontade política e pontos de coincidência que devem se aproveitar para não cair em um abismo de intolerância e confrontação”. De acordo com o grupo, foi a primeira vez, em mais de 15 anos, que governo e oposição sentaram-se em uma mesa de diálogo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.