Mundo
Brasil e Índia pedem assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU
Lula e Narendra Modi, dois líderes de peso do ‘Sul Global’, se reuniram em Brasília após a cúpula do Brics


Brasil e Índia pediram nesta terça-feira 8 a ocupação de assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU, por ocasião da visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ao presidente Lula (PT), em Brasília.
Lula e Modi, dois líderes de peso do “Sul Global”, se reuniram após participarem no domingo e na segunda-feira, no Rio de Janeiro, de uma cúpula do Brics, o grupo de países emergentes que representa quase metade da população do planeta.
Em uma declaração conjunta após a visita de Estado, os mandatários dos dois países, entre as maiores democracias do mundo, manifestaram “seu compromisso com uma reforma abrangente do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.
Além disso, “reiteraram o apoio mútuo às candidaturas de seus países a assentos permanentes num Conselho de Segurança ampliado, diz o texto.
“Brasil e Índia têm um potencial extraordinário e por isso nós reivindicamos o direito de participar no Conselho de Segurança da ONU”, afirmou Lula à imprensa ao lado de Modi, ao final do encontro.
O presidente classificou como “inaceitável que países do porte da Índia e do Brasil não ocupem assentos permanentes” nesse órgão.
Modi, por sua vez, destacou a parceria entre Índia e Brasil como “um pilar importante de estabilidade e equilíbrio” em um momento em que “o mundo passa por uma fase de conflitos e incertezas”.
“Nós acreditamos que todas essas disputas devem ser resolvidas por meio do diálogo e da diplomacia”, acrescentou o primeiro-ministro indiano, segundo a tradução oficial.
Em maio, Índia e Paquistão, duas potências nucleares vizinhas, trocaram ataques durante quatro dias, em um dos piores confrontos em décadas entre os dois países.
Durante a cúpula do Brics, os 11 membros plenos do grupo — incluindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — defenderam uma reforma do Conselho de Segurança “para ampliar a voz do Sul Global”, segundo a declaração final do encontro.
Esse texto aponta que China e Rússia, dois dos cinco países que ocupam assentos permanentes nesse órgão, expressaram “seu apoio às aspirações do Brasil e da Índia de desempenharem um papel mais relevante nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança”.
Estados Unidos, França e Reino Unido completam a exclusiva composição de membros permanentes, que têm poder de veto sobre qualquer decisão do fórum. Outros 10 países participam de forma rotativa e sem poder de veto.
Recentemente, o Conselho de Segurança tem sido alvo de críticas por sua inação diante das guerras na Ucrânia e em Gaza, devido aos respectivos vetos da Rússia e dos Estados Unidos.
Lula recebeu Modi na residência presidencial da Alvorada, onde assinaram acordos bilaterais sobre “combate ao terrorismo”, “energias renováveis” e “soluções digitais”.
Brasil e Índia vêm estreitando suas relações desde que formaram uma parceria estratégica em 2006. Com um intercâmbio bilateral de 12 bilhões de dólares (65,4 bilhões de reais) em 2024, a Índia é o décimo maior parceiro comercial do Brasil.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Intromissão de Trump em favor de Bolsonaro é um presente para Lula, diz Ricupero
Por Leonardo Miazzo
A nova resposta de Lula a Trump após ameaça de taxar os Brics
Por CartaCapital
Haddad diz que governo Lula costura acordo bilateral com os EUA para evitar tarifas de Trump
Por CartaCapital