Mundo
Brasil e EUA reconhecem senadora Jeanine Añez como presidente da Bolívia
Presidente, que se pronunciou com uma bíblia, é uma opositora do governo de Morales


O chanceler Ernesto Araújo declarou, na terça-feira 12, que o Brasil reconhece a senadora Jeanine Añez como presidente interina da Bolívia, de acordo com a Constituição daquele país.
“Interinamente, claro, acho que é importante o compromisso de convocar eleições. Então nossa primeira percepção é que está sendo cumprido o rito constitucional boliviano, e queremos que isso contribua para a pacificação e a normalização do país”, disse Ernesto Araújo em um jantar com membros de delegações estrangeiras prévio à cúpula dos Brics em Brasília, segundo os jornais O Globo e Folha de S. Paulo.
Mais cedo, o Itamaraty havia avaliado que a permanência de Evo Morales no poder teria ameaçado a “ordem democrática” na Bolívia, depois que a OEA constatou que ele se “beneficiou” de uma fraude nas eleições de 20 de outubro.
“A renúncia de Evo Morales abriu caminho para a preservação da ordem democrática, a qual se veria ameaçada pela permanência no poder de um presidente beneficiado por fraude eleitoral”, diz a nota.
Por sua vez, os Estados Unidos também reconheceram Añez como presidente interina “enquanto organizamos eleições livres e justas o mais rápido possível, de acordo com a Constituição”, segundo publicou o subsecretário de Estado para a América Latina, Michael Kozak.
El presidente interino del Senado, Añez, asumió las responsabilidades del presidente interino de #Bolivia. Esperamos con interés trabajar con ella y otras autoridades civiles del país mientras organizan elecciones libres y justas lo antes posible de acuerdo con la constitución.
— Michael G. Kozak (@WHAAsstSecty) November 13, 2019
Añez se proclamou nesta terça-feira presidente interina da Bolívia em uma sessão legislativa que não contou com o quórum em nenhuma das Câmaras.
Segunda vice-presidente do Senado, Añez havia se autoproclamado momentos antes presidente da Câmara Alta, por conta da ausência da titular da instituição e do primeiro vice-presidente, supostamente exilados na embaixada de México na Bolívia.
Horas depois, o Tribunal Constitucional (TC) deu seu aval à proclamação de Añez, 52 anos como presidente interina. No pronunciamento, Añez levantou uma bíblia em alusão aos valores cristãos e conservadores que é adepta.
Morales, asilado no México, reagiu denunciando “à comunidade internacional este ato de autoproclamação de uma senadora como presidenta que viola a CPE (Constituição) da Bolívia e as normas internas da Assembleia Legislativa”.
*Com AFP
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.