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Boris Johnson desiste da disputa por Downing Street e abre o caminho para Rishi Sunak

Ao desistir, Johnson fez questão de destacar que havia obtido o apoio de pelo menos 100 parlamentares — exigência para entrar na disputa

O ex primeiro-ministro da Inglaterra, Boris Johnson. Foto: Tolga AKMEN/AFP
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O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson desistiu de disputar a liderança do Partido Conservador neste domingo, uma mudança inesperada dos acontecimentos a poucas horas do prazo final para a apresentação de candidaturas e que deixa o caminho livre para o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak.

O prazo para a apresentação das candidaturas termina às 14H00 (10H00 de Brasília), mas Johnson fez questão de destacar que havia obtido o apoio de pelo menos 100 parlamentares (exigência para entrar na disputa).

“Infelizmente, nos últimos dias cheguei à conclusão de que simplesmente não seria o correto. Não se pode governar com eficácia se não há um partido unido no Parlamento”, explicou Johnson em um comunicado.

O polêmico ex-primeiro-ministro se declarou convencido de que teria, caso apresentasse a candidatura, “uma boa chance de voltar a Downing Street” e estar bem posicionado para liderar o partido nas eleições legislativas previstas para 2024.

A desistência de BoJo pode abrir o caminho para a designação do ex-ministro das Finanças Rishi Sunak na segunda-feira: no momento ele é o único candidato com os 100 apoios necessários. A outra candidata na disputa, a ministra das Relações com o Parlamento Penny Mordaunt, está longe de conseguir o respaldo mínimo de 100 deputados.

Sunak anunciou na manhã de domingo que disputará o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido, um dia antes do fim do prazo para a apresentação das candidaturas neste processo relâmpago.

Ele também foi o primeiro a alcançar na sexta-feira o apoio exigido de 100 deputados conservadores para entrar na disputa, mas o político de 42 anos aguardou até domingo para oficializar a candidatura.

“O Reino Unido é um grande país, mas enfrentamos uma profunda crise econômica”, escreveu no Twitter o ex-executivo do setor bancário, que foi ministro das Finanças de 2019 até julho de 2022.

“É por isto que estou concorrendo para ser o líder do Partido Conservador e seu próximo primeiro-ministro. Quero ajustar nossa economia, unir nosso partido e trabalhar pelo nosso país”, acrescentou.

Os simpatizantes de Boris Johnson repetiram durante todo o fim de semana que o ex-premiê, de 58 anos e que retornou no sábado de suas férias no Caribe, também havia conquistado o apoio de 100 deputados, o que contrariava ao menos três contagens não oficiais que apontavam entre 57 e 76 respaldos declarados.

“Conversei com Boris Johnson e vai apresentar a candidatura”, declarou durante a manhã um de seus principais colaboradores, o atual secretário de Estado para Assuntos Econômicos, Jacob Rees Mogg.

A outra candidata declarada, Penny Mordaunt, foi abordada, segundo sua equipe, por Boris Johnson, que pediu sua desistência e declaração de apoio ao ex-chefe de Estado.

“O apoio a Rishi Sunak aumenta a cada hora”, disse Dominic Raab, ex-vice-primeiro-ministro de Boris Johnson.

A nova campanha por Downing Street começou na quinta-feira após a renúncia de Liz Truss, que ficou apenas 44 dias no poder, depois de ter sido eleita em setembro pelos membros do Partido Conservador em uma disputa em que superou justamente Sunak.

Quinto primeiro-ministro desde 2016

Assim que os candidatos apresentarem a lista de apoio entre os deputados, os 357 parlamentares conservadores votarão e, caso dois nomes continuem na disputa, os 170.000 membros do partido terão que escolher, em uma votação na internet, até 28 de outubro.

Caso apenas um candidato permaneça na disputa – a alternativa mais provável no momento -, este seguirá diretamente para Downing Street e assumirá o posto de chefe de Governo.

Uma pesquisa publicada pelo jornal Sunday Telegraph mostrou que pouco mais da metade da metade dos eleitores do Partido Conservador considera que Johnson seria um primeiro-ministro melhor, enquanto apenas 28% são favoráveis a Sunak.

O próximo primeiro-ministro governará um país abalado por uma grave crise do custo de vida, com uma inflação superior a 10%, e terá a missão de acalmar os mercados, inquietos desde o anúncio de um mini-orçamento do governo Truss no fim de setembro.

Também terá que unir um partido dividido, a dois anos das eleições legislativas.

O próximo primeiro-ministro conservador será o quinto a assumir o poder desde 2016.

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