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Boris Johnson conquista maioria inédita no Parlamento desde a era Thatcher

Com essa vitória esmagadora, o Brexit deve acontecer dentro de um mês e meio

Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Foto: BEN STANSALL / AFP
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Boris Johnson foi eleito para permanecer como o primeiro-ministro do Reino Unido, depois de uma vitória histórica que deve abrir caminho para que o Brexit seja concluído antes de 31 de janeiro.

O Partido Conservador conquistou pelo menos 364 cadeiras no Parlamento e 43,6% dos votos nacionais, impondo uma maioria que apenas Margaret Thatcher havia conseguido, em 1987.

O principal partido de oposição, o Trabalhista, obteve 32,2% dos votos e elegeu 203 parlamentares. Foi uma perda de 42 assentos, principalmente fora das grandes cidades e nas regiões mais pobres do país, muitas delas as mesmas que optaram pelo Brexit no referendo de 2016.

Segundo analistas, o Brexit foi justamente o fator determinante destas eleições. Cansados de tantos impasses e reviravoltas no processo de saída da União Europeia, os eleitores britânicos escolheram agora o partido que prometia claramente tirar o país do bloco o mais rápido possível.

Em um discurso para seus simpatizantes nas primeiras horas desta terça-feira (10), Johnson disse que o partido e seu programa de governo agora têm o apoio de uma nação inteira. Ele prometeu o que tanto repetiu durante esta campanha: fazer o Brexit acontecer e sair da União Europeia nas próximas semanas. “O povo quer mudança. Não podemos e não iremos decepcioná-lo”, afirmou.

Diante do resultado, a libra manteve a tendência de alta iniciada esta semana, chegando à sua melhor cotação nos últimos três anos diante do euro e a um valor recorde nos últimos 18 meses frente ao dólar.

“Remainers” derrotados e Escócia reforçada

O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, pagou o preço de não ter dado ao eleitor uma mensagem clara sobre a posição do partido em relação ao Brexit, perdendo inclusive em áreas do país que tinham votado a favor da permanência na União Europeia.

Falando a seus eleitores durante a noite, Corbyn atribuiu parte de sua derrota ao “comportamento da imprensa” na campanha e admitiu que não vai mais liderar o partido em um futuro próximo.

Membros do Partido Trabalhista já se apressam em tentar entender de onde veio este resultado avassalador, mas muitos foram às redes sociais para criticar Corbyn por não ter conseguido transformar em votos a frustração geral dos britânicos com outros problemas decorrentes de quase dez anos de austeridade: a crise no sistema nacional de saúde, o aumento do número de sem-tetos e pessoas vivendo na pobreza, cortes na educação e no sistema de bem-estar social e a falta de moradia acessível.

Outro grande derrotado foi o líder ultranacionalista Nigel Farage, cujo Partido do Brexit (Brexit Party) não elegeu parlamentares, apesar de ter uma representação significativa no Parlamento Europeu. Durante a campanha, Farage orientou seus potenciais eleitores a votar em candidatos conservadores, em uma tática de voto útil pro-Brexit.

A tática anti-Brexit claramente falhou. O Partido Liberal-Democrata, que lançou uma campanha abertamente contrária à saída da União Europeia, se provou um divisor de votos e elegeu apenas 11 parlamentares. Sua líder, Jo Swinson, perdeu seu próprio assento para o Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês).

Este, aliás, foi outro grande vitorioso – e talvez o primeiro grande obstáculo para Boris Johnson: o SNP conquistou 48 das 59 cadeiras que cabem aos escoceses em Westminster. Comemorando o resultado, a líder Nicola Sturgeon reiterou os pedidos para que seja realizado um novo referendo pela independência do país. Em 2014, os escoceses foram às urnas e optaram por permanecer no Reino Unido, mas em 2016 se mostraram fortemente contrários ao Brexit.

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