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Bombardeio israelense a depósito de agência da ONU mata funcionário que distribuía comida a palestinos

Desde o início da guerra, em 7 de outubro, pelo menos 165 membros da agência da ONU foram mortos e mais de 140 de seus centros, incluindo muitas escolas, foram afetados

Sede da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) já havia sido danificada na cidade de Gaza, 15 de fevereiro de 2024.. Foto: AFP
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A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) anunciou nesta quarta-feira (13) a morte de um de seus funcionários em um ataque israelense a um armazém em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. O Ministério da Saúde do movimento islâmico palestino Hamas, por sua vez, relatou quatro mortes no “bombardeio” ao armazém. Mais de cinco meses após o início do conflito, os cerca de 2,4 milhões de palestinos que vivem na região enfrentam uma dramática crise humanitária.

“Pelo menos um funcionário da UNRWA foi morto e outros 22 ficaram feridos durante um ataque israelense a um centro de distribuição de alimentos no leste de Rafah”, disse um comunicado da agência. “O ataque de hoje a um dos poucos centros de distribuição da UNRWA ainda funcionais na Faixa de Gaza ocorre num momento em que a desnutrição e a fome se espalham” no território, segundo o diretor da agência, Philippe Lazzarini, citado no texto.

De acordo com o responsável pela instituição, os dois lados sabiam da atuação dos trabalhadores humanitários no local. “Todos os dias, damos as nossas coordenadas às partes em conflito. O Exército israelense recebeu as coordenadas, incluindo as deste centro, ontem (terça-feira)”, acrescentou Lazzarini.

“Como podemos continuar as nossas operações de ajuda quando nossas equipes e nossos armazéns estão constantemente sob ameaça?”, reagiu o chefe do escritório de operações humanitárias da ONU (Ocha), Martin Griffiths. “Eles devem ser protegidos. Esta guerra deve parar”, acrescentou.

Contatado pela AFP, o Exército de Israel não respondeu imediatamente.

Desde o início da guerra, em 7 de outubro, pelo menos 165 membros da agência da ONU foram mortos e mais de 140 de seus centros, incluindo muitas escolas, foram afetados, acrescenta o comunicado de imprensa. “As Nações Unidas, seu pessoal, suas instalações, devem ser protegidos em todos os momentos. Desde o início da guerra, os ataques contra os centros da ONU tornaram-se habituais”, lamentou Philippe Lazzarini, denunciando “uma flagrante violação do direito internacional”.

Um fotógrafo da AFP viu vítimas chegando ao hospital al-Najjar em Rafah. Pelo menos uma delas foi identificada por outras pessoas no atendimento médico como sendo funcionária da ONU.

Violência durante o Ramadã

“É um centro da UNRWA, esperamos que seja seguro”, disse Sami Abu Salim, residente de Rafah, à AFP. “Algumas pessoas vieram distribuir ajuda a quem precisava de comida durante o Ramadã e, de repente, foram atingidos por dois mísseis”, relatou.

“É Ramadã, como eles podem nos bombardear durante o Ramadã?”, perguntou Hasan Abu Auda, natural de Beit Hanoun, no norte de Gaza, e deslocado para Rafah.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque de 7 de outubro do Hamas no sul de Israel, que resultou na morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP estabelecida a partir de fontes oficiais israelenses.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar que até agora matou mais de 31 mil pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Depois de mais de cinco meses de guerra, a ONU teme a fome generalizada no território.

Face à emergência humanitária, vários países decidiram criar rotas alternativas, marítimas e aéreas, para entregar remessas de ajuda à população. Os comboios terrestres só entram de forma esparsa na Faixa de Gaza, principalmente a partir do Egito, numa passagem controlada por Israel.

“Deixar a população com fome tem sido arma de guerra”, disse o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, na terça-feira.

Um primeiro barco carregado com 200 toneladas de alimentos partiu do Chipre com destino a Gaza na terça-feira, utilizando um corredor marítimo criado pela União Europeia. Este barco da ONG espanhola Open Arms, que reboca uma barcaça, viajava nesta quarta-feira no Mediterrâneo a um ritmo lento.

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