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Bolívia: Arce diz que renegociará contratos de gás com Brasil

Presidente virtualmente eleito afirma que negociações feitas com gestão de Añez não são legítimas

Luis Arce aguarda oficialização do resultado para iniciar a transição. (Foto: Aizar RALDES / AFP) Luis Arce aguarda oficialização do resultado para iniciar a transição. (Foto: Aizar RALDES / AFP)
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O presidente eleito na Bolívia, de acordo com as projeções, afirmou que vai renegociar os contratos de gás com o Brasil.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Luis Arce disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro não deveria ter fechado acordos com a gestão da presidente interina Jeanine Añez.

“A questão que temos de resolver com o Brasil é o gás. Não estamos contentes com a forma como o governo de Jeanine Añez negociou a questão do gás com o Brasil. Principalmente porque não era uma atribuição de Añez. O governo brasileiro deve entender, uma vez que apoiou este governo ‘de facto’, que falta legitimidade a esse acordo. Queremos revisar os atuais contratos e fazer isso do ponto de vista de uma relação de dois governos que foram eleitos de modo democrático”, declarou Arce.

“Os mecanismos de relacionamento econômico entre os países ocorrem apesar dos governos —portanto, nesse ponto, as diferenças não me preocupam”, completou.

Arce ainda espera os dados oficiais do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) para começar a transição. A data da posse ainda não foi definida.

Brasl ignora eleições na Bolívia

Assim que a pesquisa de boca de urna apontou a vitória de Arce e adversários reconheceram o trunfo do candidato do MAS, partido de Evo Morales, governos latino-americanos e representantes de organizações internacionais parabenizaram pelo resultado.

No Brasil, o presidente não se manifestou.

Papel de Evo no governo

Arce, em entrevista à Reuters, disse que “não há papel” em seu governo a ser desempenhado por Morales, que comandou o país por quase 14 anos antes de renunciar.

Do exílio, na Argentina, Morales segue com o cargo de presidente do MAS, mas Arce disse que a influência nessa posição será limitada. “Ele não terá qualquer papel em nosso governo”, disse Arce à Reuters, na sede do MAS, na capital administrativa da Bolívia, La Paz.

“Ele pode retornar ao país quando quiser, porque é boliviano,  mas no governo sou eu que devo decidir quem fará parte da administração e quem não fará”.

Morales vive fora da Bolívia desde que deixou o país no ano passado, após uma eleição marcada por acusações de fraudes. Ele nega as acusações e diz que foi derrubado do poder por um golpe de direita. O ex-presidente enfrenta ainda uma série de acusações de corrupção, que também nega.

“O direito ao devido processo legal não foi respeitado em muitos casos contra ele”, disse Arce. “Lamento que a política tenha sido judicializada, a direita judicializou a política”.

Como ministro das Finanças de Morales, Arce ajudou a comandar uma economia que cresceu mais rapidamente do que qualquer outra na região. Mas quando ele assumir a Presidência no mês que vem, enfrentará uma recessão.

“Vamos ter que adotar medidas de austeridade. Não há outra opção se não temos receita suficiente para cobrir os gastos atuais”, disse.

O presidente eleito, de 57 anos, afirmou que o modelo econômico que ajudou a implementar no governo Morales funcionou no passado e funcionará novamente.

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