O Banco Central da Bolívia (BCB) anunciou, na quarta-feira 17, a devolução de 351 milhões de dólares (cerca de 1,09 bilhão de reais) adquiridos pelo país junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na época da presidência interina de Jeanine Añez.
O banco alegou que o Instrumento de Financiamento Rápido do FMI, linha de crédito optada por Añez, condiciona a Bolívia a “uma série de imposições fiscais, financeiras, cambiárias e monetárias com o FMI”, o que tornaria vulnerável “a soberania e os interesses econômicos do país”.
Além disso, o empréstimo foi classificado como “irregular e oneroso” ao estado boliviano e já gerou custos extras na casa dos 24,3 milhões de dólares. Entre os encargos, figuram 19,6 milhões por variação do câmbio e 4,7 milhões em “comissões e interesses”, afirmou o BCB em nota.
Autoridades bolivianas ainda pretendem analisar a possibilidade de processar ex-governantes que fecharam o empréstimo milionário.
O embate é antigo. O Movimento ao Socialismo (MAS), partido do presidente Luís Arce e maioria no parlamento boliviano, rejeitou a lei que consolidaria o acordo, enviada ao legislativo em junho de 2020, por argumentar que não havia a documentação necessária para analisar os termos do acordo.
Arce e o MAS acusavam Añez de querer adquirir o valor a fim de implementar reformas neoliberais no país, conforme demandado pelo órgão internacional.
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