Mundo
Boicote da oposição na Venezuela deu mais poder ao chavismo, diz ala dissidente
O partido do governo terá uma maioria arrasadora de 236 cadeiras no Parlamento e ganhou 23 dos 24 governos estaduais em disputa


O setor opositor dissidente que participou das eleições venezuelanas criticou os pedidos de abstenção da maioria que só teriam servido para dar mais poder ao chavismo, disse o dirigente Stalin González nesta segunda-feira 26.
González faz parte da ala que se rebelou contra a estratégia de boicote eleitoral da líder María Corina Machado. Ele ganhou, assim como o ex-candidato presidencial Henrique Capriles, uma cadeira no Parlamento como parte de uma bancada que não terá mais que 18 deputados.
O partido do governo, PSUV, terá uma maioria arrasadora de 236 cadeiras. Mas, além disso, ganhou 23 dos 24 governos estaduais em disputa, incluído o estado petroleiro de Zulia, um bastião histórico da oposição.
“Tanto o governo quanto a oposição radical comemoram que a oposição tenha perdido espaço”, disse González em entrevista coletiva. “Quem perde em Zulia? Pois vão perder os zulianos.”
“Essa teoria de dar espaço ao governo, ao madurismo, e achar que só deslegitimando o processo porque eu não participo é que ele [Maduro] vai sair, e com isso voltaremos à democracia. Nós não estamos convencidos desse caminho”, acrescentou.
A autoridade eleitoral, acusada de servir a Maduro, estabeleceu a participação em 42,6% dos 21 milhões de eleitores aptos a votar.
Corina Machado disse que o baixo comparecimento dos eleitores nos centros de votação foi um ato de desobediência diante do que considerou uma “farsa” em meio à sua denúncia de fraude nas eleições presidenciais do ano passado, que deram a Maduro um terceiro mandato consecutivo.
“A realidade se impõe ao ofertar ao chavismo, sendo minoria, espaços de poder que ele não deveria ter”, insistiu González.
Capriles não participou da entrevista coletiva. Na rede social X, prometeu trabalhar “com força e determinação” na Assembleia Nacional.
“Foi um processo marcado pela desconfiança, a decepção, a raiva, o medo”, indicou. “O regime e outros fizeram de tudo para que a abstenção fosse a grande protagonista, e conseguiram. O regime hoje comemora”, opinou Capriles.
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