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Bo Xilai nega acusação de suborno no primeiro dia de julgamento

Ex-dirigente do Partido Comunista chinês teria recebido 163,3 mil dólares de um empresário

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JINAN, China (AFP) – O ex-dirigente do Partido Comunista chinês Bo Xilai, protagonista de um grande escândalo que abalou a legenda, negou a primeira acusação de suborno na abertura do julgamento nesta quinta-feira 22, em um tribunal do leste da China.

A promotoria acusa Bo de ter recebido subornos que superam um milhão de yuans (163,3 mil dólares) do empresário Tang Xiaolin, mas o réu rebateu de maneira firme. “As afirmações de Tang Xiaolin de que me deu dinheiro em três ocasiões não são corretas”, afirmou.

Bo, que havia admitido o suposto crime à comissão de disciplina do Partido Comunista, declarou que fez isto “contra sua vontade”, informou o tribunal.

O ex-dirigente da metrópole de Dalian (nordeste) e Chongqing (sudoeste) foi oficialmente acusado de ter recebido, ao lado da esposa e do filho, 21,79 milhões de yuans (3,6 milhões de dólares) em gratificações de dois empresários, Tang Xiaolin e Xu Ming.

Além disso, Bo deve responder pelo desvio de cinco milhões de yuans de recursos públicos e de uma série de abusos de poder em Chongqing para impedir uma investigação criminal contra sua esposa, Gu Kailai, considerada culpada em agosto de 2012 pelo assassinato de um britânico.

Durante o julgamento, o ex-dirigente chinês afirmou que os elementos apresentados pelo advogado de Tang não provam sua culpa.

“Ele (Tang) tenta simplesmente obter uma redução de sua pena. Assim tenta morder em todas as direções como um cachorro louco”, disse Bo, que chamou o empresário de “mentiroso”.

“Este é um caso extremamente complicado”, advertiu o juiz Wang Xuguang.

Os atos atribuídos a Bo aconteceram de 1999 ao início de 2012, segundo o site do tribunal.

O tribunal também divulgou uma foto de Bo Xilai de pé, no banco dos réus, sua primeira imagem pública em 17 meses. Ele aparece ao lado de dois policiais.

Muitos oficiais das forças de segurança e centenas de curiosos estavam do lado de fora do tribunal popular de Jinan, província oriental de Shandong.

Detido em março de 2012, o carismático Bo Xilai não era visto em público há quase um ano e meio. O ex-membro do poderoso gabinete político do Comitê Central do Partido Comunista, em tese, pode ser condenado à morte.

A duração do processo não foi divulgada oficialmente, mas analistas acreditam que será curto, de um ou dois dias. A imprensa estrangeira não teve acesso à sala da audiência.

Os tribunais chineses atuam sob controle direto das autoridades comunistas e os analistas consideram que longas negociações na cúpula do poder permitiram decidir de antemão o veredicto que será anunciado.

O julgamento de Bo Xilai acontece praticamente um ano depois da condenação de sua esposa, Gu Kailai, pelo assassinato de um empresário britânico que era amigo do casal.

A revelação deste homicídio precipitou a queda de Bo, que aspirava cargos ainda maiores no governo e utilizava o bom momento de Chongqing, a metrópole que governava com muita rigidez, como trampolim para o poder.

A queda do ex-ministro do Comércio, filho de uma grande figura da Revolução e fervoroso neomaoísta, provocou um choque entre a classe dirigente comunista e demonstrou as divisões no partido, que sempre tentou passar a imagem de unidade.

O caso Bo Xilai pesou muito em 2012 na organização do 18º congresso do PC chinês, que renovou o comando da segunda potência do mundo.

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