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“Block Friday”: os anti-Black Friday lançam sua ofensiva

Manifestantes de países europeus organizaram greve, corrente humana e bloqueio contra excesso do consumo e suas consequências climáticas

Ativistas seguram faixa enquanto bloqueiam a entrada da loja de departamentos Galeries Lafayette, durante uma manifestação contra a Black Friday - Foto: Nicolas Tucat/AFP
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Greve na Alemanha, corrente humana na Holanda, bloqueio dos armazéns da Amazon na França: as iniciativas anti-Black Friday se multiplicaram nesta sexta-feira 29 para denunciar o excesso do consumo e suas consequências climáticas, no início de uma nova série de manifestações globais contra o aquecimento.

É a primeira vez desde a introdução na Europa da prática americana da Black Friday que tais manifestações organizadas acontecem, mesmo com lojas lotadas e avalanches de SMS ou e-mails para atrair os consumidores.

“Hoje, a Amazon emite gases de efeito estufa como um Estado”, denunciou Jean-François Julliard, diretor do Greenpeace França, participando de uma manifestação com várias dezenas de outros ativistas em frente à sede da companhia em Clichy, perto de Paris.

Convocados pela Attac e Greenpeace para esta ação apresentada como “não violenta e alegre”, os manifestantes exibiram faixas hostis ao gigante do comércio on-line antes de se sentarem em frente à sede da empresa, gritando: “Dizemos stop à Black Friday e sua impunidade!”

“Precisamos mais do que nunca de ações de desobediência civil, porque a Amazon é um símbolo da impunidade”, incluindo fiscal, estimou a eurodeputada Manon Aubry (LFI, esquerda radical), presente no evento.

Na Alemanha, centenas de funcionários da Amazon, segundo o sindicato, aproveitaram esta Black Friday para chamar a atenção para as condições de trabalho. “O trabalho deles não pode ser remunerado por quantias ridículas”, denunciou em comunicado o sindicato Verdi, que convocou uma greve até terça-feira 3.

O sindicato, que pede um acordo coletivo para garantir “salários decentes, qualidade e empregos saudáveis”, acusa a Amazon de “privar seus funcionários de direitos fundamentais” e de fazê-los trabalhar “sob extrema pressão”. “Como resultado, muitos adoecem”, alertou o sindicato. A Amazon minimizou o impacto da greve, garantindo que os pedidos serão entregues “no prazo”.

Na Áustria, cerca de 15 ativistas bloquearam um centro de distribuição da gigante americana, sob o lema “Black Friday for Amazon”.

“Block Friday”

“A Amazon destrói empregos e o clima” e “Block Friday” podiam ser lidos nos cartazes dos cerca de quarenta ativistas em frente à empresa em Flers-en-Escrebieux, no norte da França, cuja a entrada era protegida por cerca de 20 policiais.

Várias outras ações desse tipo ocorriam na França: perto de Lyon (centro-leste do país), 100 ativistas bloquearam brevemente dois acessos de um armazém da Amazon. Já na quinta-feira, várias dezenas de ativistas de movimentos ambientais bloquearam brevemente o centro de distribuição da Amazon Brétigny-sur-Orge, não muito longe de Paris.

No Reino Unido, onde os distribuidores apostam na Black Friday para tentar aplacar os temores dos consumidores sobre as incertezas do Brexit, um grupo de artistas de Bradford, na região de North Yorkshire, convocou as pessoas para um “Buy Nowt Friday”, em um jogo de palavras entre “Now” (agora) e “not” (não), sequestrando o slogan publicitário “Buy Now” (compre agora) da Black Friday.

Os estudantes da associação “Students for Climate” planejavam formar uma cadeia humana em Maastricht para protestar contra o consumo excessivo. Em reação às críticas, a Amazon França garantiu que a “ecologia para nós é importante, está no centro da nossa estratégia”, assegurou o diretor-geral Frédéric Duval.

Essas ações coincidem com o lançamento nesta sexta-feira na Ásia-Pacífico de uma nova série de eventos globais contra o aquecimento global. Em Tóquio, centenas de pessoas marcharam no distrito comercial de Shinjuku. “Sinto-me em crise porque quase ninguém no Japão está interessado nas mudanças climáticas”, lamentou Mio Ishida, estudante de 19 anos.

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