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Bispos franceses devem decidir em reunião sobre indenização a vítimas de abusos sexuais na França

Quase um mês após a publicação do relatório que revelou a extensão da pedofilia, os religiosos devem pensar nas indenizações

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A imprensa francesa desta segunda-feira (1°) destaca a conferência anual dos bispos da França que começa nesta na terça-feira (2), em Lourdes, e deve se debruçar sobre essa espinhosa questão.

O relatório de 500 página, que tem o nome de seu relator, Jean Marc Sauvé, ajudou, segundo o jornal Le Parisien, a liberar a palavra sobre o assunto na França e fez com que novas vítimas se apresentassem. A Comissão independente sobre os abusos sexuais na Igreja Católica estima em mais de 330.000 os menores vítimas de pedofilia no âmbito religioso, no país, desde 1950. Diversas dioceses confirmaram, de acordo com Le Parisien, um aumento de testemunhos de violências após a publicação do documento.

Le Parisien traz uma entrevista com Marie Claire Silvestre, de 63 anos, que sofreu violências sexuais quando era criança, por parte um tio padre que também abusou de seus irmãos. Autora do livro “Meu caminho, o silêncio”, Marie Claire diz que a Igreja deve uma indenização às vítima. Para ela, é uma vergonha que as compensações sejam feitas com doações de fiéis, como foi sugerido pelo monsenhor Eric de Moulins-Beaufort, presidente da Comissão de bispos da França.

Mas ela diz não esperar grande coisa da Assembleia geral dos bispos. “Eles sabem há 20 anos e não fizeram quase nada”, diz. “Eles não entendem que é um trauma que dura a vida inteira”, afirma.

Longa espera

De acordo com Le Parisien, as vítimas acharam longo o tempo de espera de um mês entre a publicação do relatório e a reunião dos religiosos em Lourdes, e chegaram a fundar o coletivo Da palavra aos atos, considerando a resposta da Igreja insatisfatória.

Enquanto isso, a Santa Sé pede tempo para dar uma solução definitiva e informa que o relator Jean Marc Sauvé será recebido em breve pelo papa Francisco.

Le Figaro diz que os bispos que se reunem em Lourdes até 8 de novembro “estão abatidos”. “As expectativas são imensas”, diz o jornal e lembra que algumas medidas podem ser aplicadas rapidamente, como acolhimento e escuta das queixas, criação de um protocolo com a Justiça e a indenização das vítimas. Regras sobre a administração das paróquias e formação de padres, também poderiam ser aplicadas. Mas afirma que a resolução do problema será longa. “Talvez uma geração não será suficiente”, diz o jornal. “Uma perspectiva certamente dolorosa para as vítimas”.

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