Mundo
Biden confunde Kamala e Trump em entrevista e nega chance de retirar a candidatura
Pouco antes da coletiva, o democrata se atrapalhou e chamou Volodymyr Zelensky de Vladimir Putin em cúpula da Otan


O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reforçou nesta quinta-feira 11 que não retirará sua candidatura à reeleição e disse ser a pessoa mais qualificada para derrotar Donald Trump no pleito de novembro, durante uma entrevista em Washington.
Na ocasião, porém, ele se atrapalhou e confundiu sua vice, Kamala Harris, com seu principal adversário. “Eu não teria escolhido o vice-presidente Trump para ser vice-presidente se não achasse que teria chance de vencer”, disse.
A entrevista coletiva, um evento tradicionalmente comum, ganhou contornos de acontecimento decisivo após o desastroso desempenho de Biden no debate contra Trump no fim de junho. A conversa com jornalistas ocorreu no centro de conferências que sedia uma reunião de cúpula da Otan, a aliança militar do Ocidente.
O democrata declarou ter cometido “um erro estúpido” no debate, promovido pela CNN.
“Sou o mais qualificado para concorrer à Presidência. Eu o venci uma vez e o vencerei de novo”, disse Biden. “Há muito para acontecer na campanha. Continuarei em frente, porque tenho muito trabalho a concluir. Progredimos muito.”
Pouco antes da entrevista desta quinta, Biden cometeu uma gafe na cúpula da Otan e chamou acidentalmente o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de Vladimir Putin. Ele se desculpou rapidamente e alegou que a falha ocorreu por estar “tão focado em derrotar” o presidente da Rússia.
O assunto voltou à tona na coletiva. Um repórter mencionou o deslize e citou outros exemplos semelhantes.
“Você já viu alguma conferência mais bem-sucedida?”, questionou o presidente. Ele minimizou a troca de nomes e enalteceu a reunião, mas voltou a apresentar dificuldades para concluir suas frases.
A poucas semanas da convenção que chancelará a nomeação do candidato do Partido Democrata à Presidência (de 19 a 22 de agosto, em Chicago), muitos correligionários duvidam de que Biden possa seguir na disputa.
Figura importante do partido, Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Representantes, não exigiu diretamente a retirada da candidatura, mas cobrou uma definição. “É uma decisão do presidente se ele vai se candidatar”, declarou à emissora MSNBC. “Todos o encorajamos a tomar essa decisão, porque o tempo está se esgotando.”
Segundo o jornal The New York Times, a equipe de campanha de Biden sondou discretamente as chances de Kamala Harris derrotar Trump. Kamala, por ora, segue leal ao presidente.
Aos jornalistas, Biden não hesitou em apresentar números positivos da economia, como dados de inflação, para se defender da pressão. “Não estou nessa pensando em meu legado, mas para concluir um trabalho.”
Joe Biden participou de 36 entrevistas coletivas desde que foi eleito, em 2020, segundo a pesquisadora Martha Joynt Kumar, citada pela plataforma Axios. Entre os seus seis antecessores, apenas o republicano Ronald Reagan concedeu menos coletivas.
Pouco antes da entrevista desta quinta-feira, Biden cometeu uma gafe na reunião da Otan e chamou acidentalmente o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de Vladimir Putin. Ele se desculpou rapidamente e alegou que a falha ocorreu por estar “tão focado em derrotar” o presidente da Rússia.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Biden chama Zelensky de Putin em encontro da Otan nos EUA
Por CartaCapital
Democratas e artistas aumentam pressão sobre Biden
Por AFP
Biden anuncia envio de sistemas de defesa antiaérea para Ucrânia
Por AFP