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Biden aumenta recompensa por captura de Maduro, mas mantêm licenças de petroleiras na Venezuela

Será Donald Trump quem escreverá a próxima página nas relações entre Washington e Caracas, a partir de 20 de janeiro

Biden aumenta recompensa por captura de Maduro, mas mantêm licenças de petroleiras na Venezuela
Biden aumenta recompensa por captura de Maduro, mas mantêm licenças de petroleiras na Venezuela
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: Francisco Batista/Venezuelan Presidency /AFP
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O governo de Joe Biden, condenou a posse de Nicolás Maduro para um terceiro mandato e aumentou a recompensa oferecida pelos Estados Unidos pela captura do líder chavista, mas evitou, mais uma vez, revogar as licenças que permitem que algumas petroleiras operem na Venezuela.

Tanto o democrata quanto o seu sucessor na Casa Branca, o republicano Donald Trump, que tomará posse em 10 dias, consideram o opositor Edmundo González Urrutia o “presidente eleito”.

Na rede social X, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, foi enfático. Para ele, Maduro “não tem direito de reivindicar a presidência”.

Maduro tomou posse nesta sexta-feira 10 em Caracas, após ser proclamado vencedor em julho pelo Conselho Nacional Eleitoral, que até o momento não publicou as atas de votação, como exige a lei.

“González Urrutia deve assumir o cargo e a transição democrática deve ter início. Estamos preparados para apoiar o retorno da democracia na Venezuela”, disse Blinken em um comunicado, sem especificar como.

Por enquanto, Washington se abstém de revogar as licenças individuais concedidas a várias petroleiras, como a americana Chevron, a espanhola Repsol ou a francesa Maurel & Prom.

‘Caso a caso’

As licenças continuarão a ser aprovadas “caso a caso”, informou um funcionário dos Estados Unidos que pediu anonimato em entrevista a jornalistas.

“Elas estão sujeitas a avaliação e, sem dúvida, com base na evolução dos acontecimentos nos próximos 10 dias, estamos preparados para fazer um conjunto de recomendações à administração que vai assumir.”

Biden parece optar por deixar a porta entreaberta para negociações com o governo de Maduro, que afirma ter detido dois funcionários americanos, um “do FBI” e outro “militar”, e os vincula a um suposto complô planejado por Washington.

Ainda assim, o democrata anunciou uma série de sanções contra Maduro.

“Para levar Maduro e seus cúmplices à Justiça por crimes relacionados à conspiração para distribuir cocaína, tráfico de drogas e corrupção, aumentamos a recompensa para 25 milhões [de dólares, 152,3 milhões de reais] por informações que ajudem a capturar o presidente e seu ministro do Interior, Diosdado Cabello”, acrescentou.

Biden também anunciou uma nova recompensa de 15 milhões de dólares (91,4 milhões de reais) por informações sobre o ministro da Defesa, Vladimir Padrino.

Além disso, o presidente americano ampliou as restrições de visto para “pessoas ligadas a Maduro” e impôs sanções a oito dirigentes venezuelanos por liderararem organismos econômicos e de segurança que “permitem a repressão” e “a subversão da democracia”.

Entre os sancionados estão o presidente da petroleira PDVSA, Héctor Andrés Obregón, e o ministro dos Transportes e presidente da Conviasa, a companhia aérea estatal, Ramón Celestino Velásquez.

Além dos Estados Unidos, Canadá, União Europeia e Reino Unido sancionaram Caracas em uma tentativa de aumentar a pressão internacional.

O líder chavista, que conta com o apoio declarado das Forças Armadas, tem ignorado até agora todos os apelos e se apega ao poder, uma estratégia que o beneficiou no passado.

Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), Washington não reconheceu a reeleição de Maduro por considerá-la fraudulenta.

Reconheceu, por outro lado, o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino, e impôs um embargo ao petróleo e ao gás.

O objetivo era forçar a queda de Maduro, mas de nada adiantou.

Na quinta-feira, Trump saiu em defesa de María Corina Machado e de González Urrutia.

“Esses lutadores pela liberdade não devem ser feridos, E DEVEM permanecer EM SEGURANÇA e VIVOS!”, escreveu o republicano, depois de Corina Machado ser detida brevemente após participar de uma manifestação contra Maduro.

Amplicação do TPS

Não se sabe o que fará desta vez o magnata, cujas promessas eleitorais se concentram em combater a imigração ilegal com “a maior operação de deportação da história dos Estados Unidos”.

Trump também quer acabar ou limitar outras vias legais de entrada, como o status de proteção migratória que concede permissão de residência e trabalho (Status de Proteção Temporária, TPS) ou a possibilidade de agendar consultas por meio de um aplicativo de celular ou com trâmites nos países de passagem.

Os democratas optaram por proteger muitos venezuelanos ampliando o TPS para 18 meses nesta sexta-feira, mas será Trump quem escreverá a próxima página nas relações entre Washington e Caracas, a partir de 20 de janeiro.

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