Autoridades prendem 6 mil imigrantes no fim de semana

Polícia abordou asiáticos e africanos nas ruas de Atenas em mega operação para deportar ilegais

Em crise, Grécia se volta contra os imigrantes. Foto: Andreas Solaro/AFP

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Arrasada pela crise econômica e forçada a adotar intensas medidas de austeridade, a Grécia agora se volta contra os imigrantes ilegais para combater o que o governo diz ser “uma invasão pré-histórica”. Autoridades gregas estão realizando rondas contra pessoas suspeitas de estarem em condição irregular no país, o ponto mais comum de entrada de pessoas da África e Ásia na Europa.

A polícia grega revelou nesta segunda-feira 6 ter prendido 6 mil pessoas em Atenas durante o fim de semana em uma operação massiva apelidada de Zeus, ironicamente o Deus da hospitalidade.

Os oficiais foram vistos parando africanos e asiáticos nas ruas para confirmar seu status no país, sendo a maioria detida brevemente. Outros 1,6 mil foram, porém, presos por entrarem ilegalmente na Grécia e enviados a centros de detenção onde devem aguardar para serem deportados.

Estimativas apontam que cerca de 100 mil imigrantes entram ilegalmente na Europa por ano pela Grécia. A maioria deles vem da Turquia e cerca de 1 milhão vivem em terras gregas, que possuem 10 milhões de habitantes.

O ministro de Ordem Publica Nikos Dendias afirmou que os imigrantes vão ser detidos temporariamente em prédios da academia de polícia no norte da Grécia, fechados para o verão, e em um centro de detenção fora de Atenas. Até o fim do ano, o país vai poder prender 10 mil pessoais que serão deportadas.

Com um elevado nível de desemprego (22,5% em abril, atrás apenas da Espanha), a retórica contra os imigrantes aumenta em um momento onde há um crescimento da violência no país. Os partidos de esquerda manifestaram temor com a decisão e o ACNUR , órgão da ONU para refugiados, teme que pessoas em fuga de guerras e solicitantes de asilo sofram com a medida.


Crise

A Grécia precisou de duas eleições parlamentares para formar um governo de coalizão de acordo com as medidas de austeridade. Ainda em desconfiança se o país irá cumprir o acordo de reformas prometidas em troca do resgate de 240 bilhões de euros que permitiu a sobrevivência de sua economia nos últimos dois anos, União Europeia, FMI e Banco Central Europeu liberam aos poucos as parcelas do pacote de ajuda.

O país ainda precisa cortar 11,5 bilhões de euros como parte do compromisso, que já eliminou mais de 15 mil empregos no setor público e reduziu pensões e salários, até o final de agosto. Enquanto isso, a próxima parcela de ajuda da troika não deve sair antes de setembro.

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