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Atentado em igreja no Texas deixa 26 mortos
Uma garota de 14 anos está entre as vítimas. Ao menos outras 20 pessoas ficaram feridas. O responsável pelo massacre morreu


Ao menos 26 pessoas morreram no ataque a tiros na Primeira Igreja Batista, em Sutherland Springs, uma pequena comunidade da cidade de San Antonio, nos Estados Unidos neste domingo 5. A confirmação foi feita pelo governador do Texas, Greg Abbott, em entrevista coletiva. Segundo ele, o balanço de mortes pode pode aumentar.
“Estamos lidando como o maior tiroteio em massa na história do nosso estado. Há tantas famílias que perderam seus familiares. Pais, mães, filhos e filhas”, lamentou Abbott. “A tragédia, claro, é agravada pelo fato de ter ocorrido em uma igreja, um lugar de adoração, onde essas pessoas foram abatidas inocentemente. Choramos por sua perda, mas apoiamos seus familiares”, completou.
O comissário do condado de Wilson, Joe Tackitt, disse à rede NBC que “cerca de 25 pessoas” morreram, e outras dez ficaram feridas.
Duas fontes policias identificaram ao jornal The New York Times o responsável pelo ataque como Devin P. Kelley, de 26 anos. A rede de televisão ABC confirmou a mesma identidade e acrescentou que ele nasceu em New Braunfels, também no Texas, e passou pelas forças armadas dos Estados Unidos.
“O agressor morreu”, declarou à AFP um porta-voz do comissário do condado vizinho de Guadalupe, acrescentando que não houve confronto entre ele e a Polícia. “Estava em seu veículo”, contou. De acordo com a ABC, o responsável pelo ataque teria trocado tiros com um morador local após o massacre, mas não se sabe se ele morreu por conta deste confronto ou se cometeu suicídio.
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“Que Deus esteja com o povo de Sutherland Springs, Texas. O FBI & agências da lei estão na cena. Estou monitorando a situação do Japão”, tuitou o presidente americano, Donald Trump, em sua primeira reação.
Pelo Twitter, também já haviam se manifestado o senador republicano pelo Texas, Ted Cruz, e o governador Abbott, que prestaram sua solidariedade. “Nossas orações vão para todos aqueles que foram afetados por esse ato demoníaco. Nossos agradecimentos às forças da ordem por sua resposta”, tuitou Abbott.
Uma das filhas do pastor da igreja batista dessa pequena localidade rural, de 14 anos, está entre os mortos, disse seu pai, Frank Pomeroy, à rede ABC News. O religioso não estava no recinto no momento do ataque.
Uma porta-voz do hospital Connally Memorial Medical Center, nos arredores de Floresville, disse à Fox News que a instituição recebeu “oito pacientes depois do tiroteio”, e que três deles foram então “transferidos para o Hospital Universitário de San Antonio”, uma das maiores cidades do Texas, cerca de 50 quilômetros ao noroeste.
Helicópteros e equipes de emergência chegaram à cena do crime, e agentes do Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos estavam se dirigindo para o local, declarou o órgão.
Debate sobre armas
Os disparos começaram às 11h30 locais (15h30, horário de Brasília) segundo o site da emissora KSAT12, um canal local.
Segundo a emissora, uma testemunha viu um homem entrar na igreja e começar imediatamente a atirar contra os fiéis. De acordo com a imprensa local, cerca de 50 pessoas costumam assistir ao culto nesse horário.
Em 1º de outubro, os Estados Unidos tiveram o pior tiroteio de sua história recente, quando um homem atirou a esmo de um quarto de hotel de Las Vegas, Nevada. Matou 58 pessoas e feriu cerca de 550 das 22 mil que assistiam a um show de música country ao ar livre.
O autor dessa tragédia, o aposentado Stephen Paddock de 64 anos, matou-se após os disparos. Ele conseguiu levar um verdadeiro arsenal para o quarto onde se encontrava instalado, no 32º andar do hotel Mandalay Bay.
O grupo Estado Islâmico (EI)reivindicou o ataque, mas os investigadores não encontraram elementos que permitam sustentar essa hipótese e ainda desconhecem as motivações de Paddock.
O ataque de hoje também acontece dois anos depois que o supremacista branco Dylann Roof entrou em uma igreja historicamente frequentada por fiéis afro-americanos em Charleston, na Carolina do Sul, e matou nove pessoas. Em janeiro passado, Roof foi condenado à pena capital.
Todos os anos, mais de 33 mil pessoas morrem nos Estados Unidos, vítimas das armas de fogo, de acordo com um estudo recente. Desse total, 22.000 são casos de suicídios.
O debate sobre a regulamentação das armas é relançado a cada tragédia, sem que a legislação seja modificada. Parte da explicação está na influência e na pressão exercidas pela Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), o poderoso lobby das armas nos EUA.
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