Mundo
Assembleia da ONU: Delegações se levantam em protesto durante discurso de Netanyahu
Representantes de dezenas de países, incluindo o Brasil, se recusam a ouvir o pronunciamento do primeiro-ministro de Israel


Representantes diplomáticos de dezenas de países deixaram seus assentos na Assembleia-Geral da ONU, em protesto contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta sexta-feira 26. A manifestação é uma resposta à ofensiva israelense contra os palestinos, especialmente em Gaza.
A cena foi semelhante à registrada na Assembleia-Geral do ano passado: mais uma vez, Netanyahu subiu ao palco sob aplausos tímidos e intensas vaias, enquanto as delegações de diversas nações se levantavam, davam as costas e se retiravam do local.
Fontes da delegação brasileira confirmaram a CartaCapital que os representantes do País deixaram as cadeiras junto aos diplomatas de outros países. O Itamaraty informou que não vai comentar o caso.
Protesto deixa cadeiras vazias durante o pronunciamento de Netanyahu na ONU. Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP
Em seu discurso para um plenário virtualmente vazio, mas com representantes de nações aliadas, Netanyahu ameaçou prosseguir com a destruição em Gaza caso os reféns mantidos pelo Hamas não sejam liberados. “Se vocês fizerem isso, vão sobreviver. Se não, Israel vai caçá-los”.
Em outro momento, exibiu cartazes em formato de questão de prova de múltipla escolha, com perguntas como “Quem matou cidadãos dos EUA e europeus a sangue-frio?”, com as alternativas “Al Qaeda”, “Hamas”, “Hezbollah”, “Irã” ou “todos os anteriores” – esta última, apontada por ele como a alternativa “correta”. “Nossos inimigos são seus inimigos”, bradou.
Netanyahu exibe cartaz com provocações durante fala na Assembleia da ONU –Foto: TIMOTHY A. CLARY/AFP
Nos últimos dias, o premiê israelense criticou os países que passaram a reconhecer o Estado palestino. A lista inclui nações como França, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal. Netanyahu afirmou que o Estado da Palestina “nunca vai existir”.
Ao fim da fala de Netanyahu, os representantes dos países que se levantaram retornaram ao plenário.
Desde o início da ação militar de Israel em resposta aos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, mais de 65 mil palestinos foram mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, fonte considerada confiável pela ONU.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Não permitirei que Israel anexe a Cisjordânia’, diz Trump
Por AFP
Exército israelense diz que 700 mil palestinos fugiram da Cidade de Gaza
Por AFP
Microsoft corta serviço usado por Israel para a vigilância de Gaza
Por AFP
A Palestina daqui em diante
Por Jamil Chade