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As propostas de Milei ao assumir a presidência rotativa do Mercosul
O Mercosul não permite que seus membros busquem acordos comerciais com terceiros países sem o consentimento dos outros membros


O presidente da Argentina, Javier Milei, propôs, nesta sexta-feira 6, ao assumir a presidência temporária do Mercosul, a flexibilização deste bloco comercial de forma que cada membro tenha autonomia para buscar acordos “convenientes” para seus interesses.
O ultraliberal Milei discursou em Montevidéu durante a 65ª cúpula do Mercosul, quando assumiu até meados do próximo ano a liderança rotativa do grupo que seu país fundou com o Brasil, Paraguai e Uruguai em 1991, e ao qual a Bolívia aderiu recentemente.
“Nossa presidência vai explorar um regime de maior flexibilidade e autonomia comercial para os membros do bloco, para que cada um possa celebrar acordos comerciais que lhes sejam convenientes”, afirmou.
“Que cada país possa determinar até onde irá ou não, levando em conta as necessidades de sua própria população, entendendo que o bloco se beneficia do benefício de seus membros”, enfatizou.
O presidente argentino, que em um discurso anterior havia alertado que o Mercosul “acabou se tornando uma prisão” para seus parceiros, anunciou que deseja “revisar a tarifa externa comum, que é excessivamente alta”.
“Somos o único bloco comercial que não reduziu as tarifas na última década. Não pensem que não há relação entre isso e nossos resultados comerciais ruins”, disse ele, e afirmou que a Argentina irá propor “ajustes” para garantir “uma inserção mais competitiva nos mercados globais”.
Para Milei, o grupo tem duas opções. “A realidade é que temos dois caminhos. Ou aceitamos que o Mercosul não funciona e o dissolvemos, o que não é a vontade do governo argentino. Ou o adaptamos para que funcione de acordo com as necessidades atuais de seus membros”, disse ele.
O Mercosul não permite que seus membros busquem acordos comerciais com terceiros países sem o consentimento dos outros membros. Durante seu mandato, que se encerra em março, o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou defendeu, sem sucesso, a flexibilização do bloco, em linha com seus antecessores.
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