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Após fracasso de Feijóo, Sánchez inicia corrida contra o tempo por novo mandato

O fracasso já aguardado pela oposição abre o caminho para uma candidatura do atual primeiro-ministro, que agora corre contra o tempo para conquistar a vaga

Pedro Sánchez e Alberto Núnez Feijóo. Foto: Pierre-Philippe MARCOU/AFP
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Após a consumação do fracasso do líder da direita, Alberto Núñez Feijóo, o socialista Pedro Sánchez inicia uma complexa corrida contra o tempo para tentar obter um novo mandato como primeiro-ministro no Parlamento da Espanha, mas para isso precisará do apoio dos independentistas catalães, que não param de aumentar suas exigências

Como estava previsto, o líder do Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, não conseguiu apoio suficiente para tomar posse como presidente do governo, apesar de ter sido o candidato mais votado nas eleições legislativas de 23 de julho, embora sem maioria viável.

Após uma primeira derrota na quarta-feira, o conservador perdeu a segunda votação nesta sexta-feira, quando precisava apenas de maioria simples.

Com 172 votos favoráveis de 350 – os dos deputados do PP, dos representantes da extrema-direita e de dois pequenos partidos -, a candidatura de Feijoó foi rejeitada por outros 177 deputados (do Partido Socialista, da extrema-esquerda e de legendas regionais).

Um voto foi contabilizado como nulo, depois que um deputado que não apoiava Feijóo votou por engano a favor do conservador e pediu a retratação.

Com Feijóo derrotado, o atual primeiro-ministro Pedro Sánchez, deve receber em breve um pedido do rei Felipe VI para tentar formar maioria até 27 de novembro. Caso ele não consiga, o país convocará novas eleições para meados de janeiro.

Sánchez otimista

No poder há cinco anos, Sánchez, que demonstrou nos últimos anos uma grande capacidade de sobrevivência política, voltou a expressar confiança de que conseguirá o apoio necessário.

A Espanha se prepara para “repetir este governo de coligação progressista dentro de pouco tempo”, afirmou na quinta-feira em Madri.

Apesar do otimismo, as negociações devem ser muito complicadas.

Com o apoio da extrema-esquerda, grupo com o qual governa desde 2020, e dos separatistas bascos, Sánchez precisa dos votos indispensáveis do partido independentista catalão ‘Junts per Catalunya’ (Junts), liderado por Carles Puigdemont, que fez oposição sistemática a seu governo nos últimos anos.

No início de setembro, o líder da tentativa de secessão de 2017 exigiu, a partir da Bélgica, para onde se mudou para escapar da justiça espanhola, uma anistia para os independentistas processados por sua participação na independência frustrada, em troca do apoio de seu partido.

Referendo

Mas nos últimos dias, o Junts e a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), o outro grande partido separatista, aumentaram ainda mais a lista de exigências e pedem negociações para a convocação de um referendo de autodeterminação.

Em uma resolução aprovada no Parlamento regional catalão, os dois partidos pedem aos partidos catalães com representação no Parlamento espanhol que “não apoiem a posse de um futuro governo espanhol que não se comprometa a trabalhar para criar as condições para a realização do referendo”.

Com Carles Puigdemont à frente, o governo regional catalão organizou um referendo de autodeterminação em 1º de outubro de 2017, apesar da proibição da justiça. Após a votação, ocorreu uma declaração unilateral de independência, que provocou a pior crise política na Espanha em décadas.

O governo central, então comandado pelo PP, destituiu o governo regional e suspendeu a autonomia da Catalunha, que tem 7,8 milhões de habitantes. Os líderes independentistas fugiram para o exterior, como Puigdemont, ou foram detidos.

Embora pareçam dispostos a encontrar uma fórmula para a anistia, apesar da discordância de alguns dirigentes do partido e de parte do seu eleitorado, os socialistas garantem que a organização de um referendo é uma linha vermelha.

“Não, por aí não há caminho. Nunca houve e não há”, disse o líder dos socialistas catalães, Salvador Illa, muito próximo a Pedro Sánchez.

“E se precisarmos voltar às eleições, então iremos às eleições e que os cidadãos decidam0. Mas o caminho da divisão e da ruptura é um caminho sem percurso”, acrescentou.

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