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Após firmar acordos na China, Lula faz escala comercial nos Emirados Árabes Unidos

O comércio entre o país da Península Arábica e o Brasil somou em torno de R$ 29 bilhões em 2022, um aumento de 74,5% em relação ao ano anterior

O presidente Lula, durante visita aos Emirados Árabes Unidos. Foto: Ricardo Stuckert
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O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou à Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos neste sábado 15, após uma passagem pela China, onde reforçou laços diplomáticos e econômicos com a potência asiática.

Lula foi recebido no aeroporto da cidade pelo ministro de Energia e Infraestrutura dos Emirados.

Durante a visita, a última antes de seu retorno ao Brasil, são discutidos “temas de agenda bilateral, incluindo comércio, investimentos, transição energética, mudanças climáticas e segurança global”, disse um comunicado do Itamaraty. “Desde 2008, os EAU estão entre os três principais parceiros do Brasil no Oriente Médio” e em 2022 “foi o principal destino das exportações brasileiras entre os países árabes”, acrescentou.

O comércio entre o país da Península Arábica e o Brasil somou US$ 5,768 bilhões (em torno de R$ 29 bilhões) em 2022, um aumento de 74,5% em relação ao ano anterior, com um superávit de 740 milhões a favor do Brasil, segundo dados oficiais brasileiros.

Dos US$ 3,254 bilhões (R$ 16 bilhões) faturados, o principal produto de exportação brasileiro foi a carne de frango (29% do total), seguida do açúcar (14%), ouro (14%), celulose (8,2%) e carne bovina (8%). Já nas importações, 89% do valor total correspondeu à compra de petróleo e materiais derivados de hidrocarbonetos.

Críticas aos Estados Unidos

A questão da Ucrânia esteve na pauta da visita, na qual Lula quis demonstrar que o Brasil “está de volta” à geopolítica mundial, após quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, de extrema direita, caracterizados por um afastamento da cena internacional.

O mandatário, que aspira fazer parte de uma mediação de paz entre a Rússia e a Ucrânia, pediu aos Estados Unidos que parem de “incentivar a guerra”.

Diferentemente das potências ocidentais, nem China nem Brasil impuseram sanções à Rússia e tentam se posicionar como mediadores para alcançar a paz.

Os Emirados Árabes, que também adotaram uma postura de neutralidade perante o conflito, receberam um número significativo de empresários russos, sobretudo em Dubai, buscando evitar as sanções ocidentais.

Antes do fim da viagem, Lula afirmou que ao chegar ao Brasil pretende formar um grupo de países para trabalhar em uma solução negociada para o conflito.

“É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky”, disse ele.

“Mas é preciso, sobretudo, convencer os países que estão fornecendo armas e incentivando a guerra a pararem”, frisou.

Sem “arranhões”

O líder da esquerda brasileira tem buscado um delicado exercício de equilíbrio geopolítico, em boa sintonia com a China e, ao mesmo tempo, tentando manter relações estreitas com os Estados Unidos, duas potências confrontadas por um número crescente de desentendimentos, incluindo o das tensões entre Pequim e a ilha de Taiwan.

Em fevereiro, foi recebido na Casa Branca por Joe Biden, em um encontro, no qual ambos se apresentaram como defensores dos valores democráticos e do meio ambiente.

Neste sábado, Lula disse estar confiante em que esse fortalecimento das relações entre Brasília e Pequim “não é capaz de criar nenhum arranhão” com os Estados Unidos.

“Nós não precisamos romper e brigar com ninguém para que a gente melhore. O Brasil tem que procurar os seus interesses, ir atrás daquilo que ele necessita. O Brasil tem que fazer acordos possíveis com todos os países”, defendeu.

O presidente chinês garantiu a Lula que o desenvolvimento da economia asiática “abrirá novas oportunidades para o Brasil e para os países de todo o mundo”, segundo nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da China.

“Em seu terceiro mandato, Lula parece manter uma abordagem de relações internacionais semelhante à de seus dois primeiros mandatos [2003-2010]”, com uma “política externa independente e pragmática”, disse Lian Lin, analista da consultora Economist Intelligence Unit (EIU).

Mas o desafio não será simples, em um “ambiente político (…) muito mais polarizado, que colocará sob escrutínio cada uma das suas iniciativas”, acrescentou. “Achamos que a habilidade política de Lula permitirá que ele navegue com sucesso por essas águas agitadas, mas não será fácil”, concluiu.

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