Mundo
Após discussão na Casa Branca, Zelensky recua e diz estar pronto para ‘trabalhar sob a forte liderança de Trump’
Declaração do presidente ucraniano ocorre horas após a suspensão da ajuda militar dos EUA ao país europeu; Zelensky disse estar disposto a corrigir os rumos da relação após o ‘lamentável’ bate-boca
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou, nesta terça-feira 4, estar “pronto para trabalhar sob a forte liderança de Donald Trump”. A declaração ocorre poucos dias depois dos dois terem protagonizado uma tensa discussão no Salão Oval da Casa Branca. A mudança de postura também coincide com o anúncio de que os EUA interromperiam a ajuda militar ao país europeu.
“A Ucrânia está pronta para vir à mesa de negociações o mais rápido possível para trazer uma paz duradoura mais perto. Ninguém quer a paz mais do que os ucranianos. Minha equipe e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Trump para obter uma paz duradoura”, escreveu Zelensky em uma rede social.
Ele sinalizou que pretende adotar pelo menos três ações para que as negociações com a Rússia, intermediadas pelos EUA, avancem: a libertação de prisioneiros e tréguas no céu e no mar.
“Estamos prontos para trabalhar rápido para acabar com a guerra, e os primeiros estágios podem ser a libertação de prisioneiros e trégua no céu — proibição de mísseis, drones de longo alcance, bombas em energia e outras infraestruturas civis — e trégua no mar imediatamente, se a Rússia fizer o mesmo”, anotou o ucraniano.
Os EUA ainda não comentaram as novas declarações de Zelensky. Mais cedo nesta terça-feira, o país havia confirmado ter pausado a transferência de recursos e ajuda militar ao país europeu após uma reunião entre auxiliares de Trump.
‘É lamentável que bate-boca tenha acontecido’
Na mensagem publicada nesta terça-feira, Zelensky voltou a agradecer os EUA pela ajuda na guerra. A ‘falta de gratidão’ foi um dos temas abordados na reunião que terminou em um bate-boca com Trump. O ucraniano foi acusado de não agradecer o auxílio norte-americano no conflito, nem a iniciativa do país para negociar o fim da guerra.
“Nós realmente valorizamos o quanto a América fez para ajudar a Ucrânia a manter sua soberania e independência”, afirmou, lembrando, em seguida, da tensa reunião. “Nossa reunião em Washington, na Casa Branca na sexta-feira, não foi do jeito que deveria ser. É lamentável que tenha acontecido dessa forma. É hora de consertar as coisas.”
Zelensky finalizou dizendo que está pronto para assinar, também, o acordo sobre minerais com os EUA, adiado após a discussão com Trump.
CartaCapital
Há 31 anos, a maior referência progressista em jornalismo no Brasil.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Em 2019, Zelensky foi pivô de processo de impeachment de Trump. Agora, veio a vingança
Por João Paulo Charleaux
Após bate-boca com Zelensky, Trump ordena pausa na ajuda militar dos EUA à Ucrânia
Por CartaCapital