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Aniversário da revolução deixa saldo sangrento no Egito

Três anos depois da queda de Mubarak, protestos são abafados com violência e bombas causam morte e destruição

Manifestante pró-governo entra em confronto com partidários da Irmandade Muçulmana no Cairo
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O terceiro aniversário da revolta que colocou um fim a três décadas de ditadura no Egito, neste sábado 25 apresentou um país profundamente dividido. De um lado, dezenas de milhares de adeptos ao líder militar e verdadeiro “homem forte” do Egito, o ministro da Defesa Fattah Al-Sisi, o festejaram na praça Tahrir, no centro do Cairo. De outro lado, as tentativas de manifestação, reunindo fundamentalistas islâmicos e democratas seculares, foram brutalmente abafadas pela polícia. De acordo com o Ministério da Saúde, em todo o país pelo menos nove pessoas morreram e 50 ficaram feridas nos choques.

A organização fundamentalista Irmandade Muçulmana havia convocado protestos de massa contra o governo interino liderado por Adli Mahmud Mansur, no dia que marca três anos desde o princípio da revolução que derrubou o presidente Hosni Mubarak, após 30 anos no poder. Em julho último, seu sucessor, Mohammed Morsi, pertencente à Irmandade, foi, por sua vez, deposto pelas Forças Armadas.

Clamando palavras de ordem contra os militares, como “Abaixo o regime”, cerca de mil ativistas reuniram-se na tarde de sábado para uma passeata em direção à Praça Tahrir. Desde a véspera, o local de forte significado simbólico para os oposicionistas do autoritarismo político havia sido isolado pelas forças de segurança: em 25 de janeiro de 2011, ele foi o epicentro da insurgência que levaria à queda de Mubarak 18 dias mais tarde.

A polícia da capital dispersou os manifestantes com granadas de gás lacrimogêneo e tiros de escopeta, além de disparar para o alto com munição viva. Quatro pessoas foram mortas. Também houve vítimas nos choques entre correligionários de Morsi e os agentes de segurança, nas cidades de Alexandria e Minya.

Série de atentados. Durante o sábado, uma bomba incendiária explodiu em uma escola de polícia do Cairo. Mais tarde, a caserna das tropas de choque em Suez foi alvo de um ataque. Em ambos os casos não houve vítimas. Eles fazem parte de uma série de atentados contra alvos policiais, em torno do terceiro aniversário da revolução. A organização armada, ligada à Al-Qaeda, Ansar Beit al-Makdis, que opera a partir do Sinai, reivindicou pelo menos parte dos atos terroristas, por meio de diversos websites radicais islâmicos.

Na véspera, quatro outras detonações mataram pelo menos seis pessoas, ferindo cerca de 100. O mais grave dirigiu-se contra a diretoria de segurança da polícia na zona histórica do Cairo. Pela manhã cedo, um terrorista suicida rompeu com seu automóvel o bloqueio da central fortemente protegida e detonou uma bomba no estacionamento, abrindo uma cratera profunda. A fachada do prédio ficou seriamente danificada, assim como a do Museu de Arte Islâmica em frente.

Num segundo atentado na capital egípcia, o dispositivo foi detonado perto de uma estação de metrô, no bairro de Dokki. Poucas horas mais tarde, ocorreu nova explosão, dessa vez próxima à delegacia de Gizé, terceira maior cidade do Egito, sem vítimas ou danos. Uma quarta explosão durante a tarde, na mesma localidade, matou uma pessoa.

Desde a deposição do presidente islamista Mohammed Morsi, em julho de 2013, têm sido frequentes os ataques contra policiais e outras forças de segurança no Egito.

AV/afp/dpa

DW.DE

Edição: Roberto Crescenti

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