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Anistia Internacional acusa empresas farmacêuticas de deixar países pobres sem vacinas anticovid

O relatório aponta que das 5,76 bilhões de doses administradas, apenas 0,3% foram para países de renda “baixa”

Anistia Internacional acusa empresas farmacêuticas de deixar países pobres sem vacinas anticovid
Anistia Internacional acusa empresas farmacêuticas de deixar países pobres sem vacinas anticovid
Vacinação no Sri Lanka, na Ásia. Foto: ISHARA S. KODIKARA / AFP
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A ONG Anistia Internacional divulgou um relatório nesta quarta-feira 22 acusando os grandes grupos farmacêuticos que produzem vacinas contra a Covid-19 de alimentar uma crise de direitos humanos sem precedentes. Por essa razão, a entidade faz um apelo para o envio urgente de 2 milhões de doses de vacinas anticovid para os países pobres.

No relatório intitulado de “Vacinas contra a Covid-19: Uma Dose de Desigualdade”, a ONG Anistia Internacional afirma que as empresas farmacêuticas não priorizam os países mais pobres. A publicação acontece durante uma cúpula mundial sobre imunizantes que está sendo realizada virtualmente.

“Vacinar o mundo é nossa única saída desta crise. Deveria ser hora de saudar essas empresas, que criaram essas vacinas tão rapidamente, como heróis”, afirmou a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnes Callamard, em um comunicado.

“Mas, em vez disso, para sua vergonha e dor coletiva, o bloqueio intencional da transferência de conhecimento das grandes empresas farmacêuticas e suas manobras em favor dos Estados ricos criaram uma escassez de vacinas totalmente previsível e totalmente devastadora para tantos países”, reiterou.

Desrespeito dos direitos humanos

Para chegar a essas conclusões, a Anistia analisou as políticas da AstraZeneca, Pfizer, BioNTech, Moderna, Johnson & Johnson e Novavax – cuja vacina ainda não foi aprovada – sobre direitos humanos, preços, propriedade intelectual, intercâmbio de conhecimento e tecnologia, alocação de doses e transparência. Segundo a ONG, “em vários graus, os seis fabricantes de vacinas falharam em cumprir suas responsabilidades no que diz respeito aos direitos humanos”.

O documento aponta que das 5,76 bilhões de doses administradas, apenas 0,3% foram para países de renda “baixa”, enquanto 79% foram para países de renda “média-alta” e “alta”, de acordo com a ONG. Segundo a Anistia, Pfizer, BioNTech e Moderna planejam obter um lucro total de 130 bilhões de dólares até o final de 2022.

A ONG alerta, no entanto, que “os lucros nunca devem ser mais importantes que as vidas”. Se a maioria dessas empresas receberam “milhares de dólares dos governos para financiamento, os fabricantes de vacinas monopolizaram a propriedade intelectual, bloquearam as transferências de tecnologia e limitaram de maneira agressiva as medidas que permitiriam estender a fabricação desses imunizantes em todo o mundo”, ressalta.

Resposta insuficiente

Antes da divulgação do relatório, a ONG também afirma ter contatado as fabricantes citadas. Todas as empresas responderam, com exceção da Novavax, e afirmaram que uma distribuição justa e igualitária, especialmente nos países pobres, é essencial. A resposta, no entanto, foi considerada insuficiente pela Anistia Internacional.

(Com informações da AFP)

 

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