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Anistia Internacional: a Nicarágua viola direitos humanos

Relatório da ONG lista abusos cometidos contra manifestantes nos últimos meses

A repressão tornou-se mais intensa, alerta a Anistia
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As autoridades da Nicarágua “cometeram violações graves dos direitos humanos” durante a chamada “operação limpeza” destinada a eliminar barricadas, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira 18 pela Anistia Internacional.

A ONG de defesa dos direitos humanos destaca que o governo do presidente Daniel Ortega “intensificou a estratégia de repressão” contra os manifestantes durante a “operação limpeza”, iniciada para retomar o controle de cidades e estradas que estavam nas mãos dos manifestantes.

“Torturas, detenções arbitrárias e o uso generalizado e indiscriminado de força letal por parte da polícia e de forças paramilitares fortemente armadas” são elencadas no relatório.  “As autoridades nicaraguenses devem desmantelar e desarmar imediatamente todas as forças paramilitares e garantir que a polícia use a força apenas de maneira legítima, proporcional e necessária”, destacou Erika Guevara Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional.

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“Em vez de criminalizar os que protestam, chamando-os de ‘terroristas’ e de ‘golpistas’, o presidente Ortega deve garantir os direitos à reunião pacífica e à liberdade de expressão”, completou. O relatório documenta seis possíveis execuções extrajudiciais, que constituem crimes no direito internacional.

Uma delas foi a de Leyting Chavarría, de 16 anos, que morreu na cidade de Jinotega. “De acordo com testemunhas, um policial matou Chavarría, que levava apenas um estilingue”, afirma a ONG. A Anistia também cita o caso Faber López, um policial contra distúrbios que “supostamente morreu nas mãos de agentes”.

“Embora o governo tenha atribuído sua morte a ‘terroristas’, a família afirmou que o corpo não tinha ferimentos de bala, mas mostrava sinais de tortura. Um dia antes de sua morte, López ligou para a família para dizer que pediria demissão e que se não entrasse em contato no dia seguinte seria porque seus colegas o haviam matado”, destaca a AI.

Repressão deixa mais de 322 mortes

Os protestos na Nicarágua começaram em 18 de abril contra um projeto de reforma da Previdência, mas foram ampliados para grandes manifestações, reprimidas com violência pelo governo. A crise motivou pedidos de renúncia de Ortega. Até 24 de agosto, pelo menos 322 morreram, em sua maioria em ações de agentes do Estado, e mais de 2 mil ficaram feridas, relata a Anistia. Entre as vítimas fatais 21 são policiais.

(Com informações da AFP)

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